A Baleia (The Whale), filme de 2022 dirigido por Darren Aronofsky | Crítica A Baleia (The Whale), filme de 2022 dirigido por Darren Aronofsky | Crítica

A Baleia (The Whale, 2022) | Crítica do filme

Dirigido por Darren Aronofsky, A Baleia (The Whale, 2022) apresenta uma narrativa centrada em Charlie (Brendan Fraser), um professor de redação que vive isolado em casa. Devido a um quadro severo de obesidade, ele ministra suas aulas por videoconferência com a câmera sempre desligada, evitando mostrar sua condição física. A rotina limitada contrasta com um objetivo claro: reconectar-se com a filha Ellie (Sadie Sink) após anos de afastamento. Confira a nossa crítica:

O longa se desenvolve quase integralmente dentro do apartamento do protagonista, criando uma atmosfera claustrofóbica que reflete sua relação com o próprio corpo e com o mundo exterior. A fotografia de Matthew Libatique explora enquadramentos fechados, ressaltando a sensação de confinamento e solidão.

O papel de Brendan Fraser e o impacto da performance

A atuação de Brendan Fraser em A Baleia foi decisiva para sua consagração no Oscar 2023, onde venceu o prêmio de Melhor Ator. A composição de Charlie vai além da transformação física: trata-se de um personagem marcado por remorso, que busca significado nos últimos dias de vida. Fraser constrói camadas emocionais complexas, evidenciando uma luta interna que envolve a necessidade de perdão e a tentativa de restaurar laços familiares.

A presença de Sadie Sink como Ellie acrescenta tensão dramática, apresentando uma jovem magoada que encara o pai com ressentimento. Hong Chau também se destaca como Liz, enfermeira e amiga próxima de Charlie, enquanto Ty Simpkins interpreta Thomas, um missionário que enxerga na fé uma saída para os pecados do protagonista.

A relação entre Moby Dick e A Baleia

O título do filme faz referência direta à peça homônima de Samuel D. Hunter, autor do roteiro, mas também dialoga com o clássico romance Moby Dick, de Herman Melville. A conexão vai além da simples alusão: Charlie guarda um ensaio escrito por Ellie quando criança sobre o livro, que se torna um ponto central da narrativa.

Três aspectos são fundamentais para entender essa relação:

  • Metáfora da baleia: assim como a criatura de Melville, Charlie é visto como um ser fora dos padrões, alvo de julgamentos e preconceitos.

  • A redação de Ellie: o ensaio simboliza uma forma pura e honesta de expressão, representando para Charlie um lembrete da essência da filha.

  • A liberdade pelo mar: nos momentos finais, o som das ondas evoca lembranças do passado e sugere que Charlie encontra paz ao se libertar de suas amarras emocionais e físicas.

A presença do pássaro e o desejo de cuidado

Um detalhe recorrente no filme é a forma como Charlie alimenta um pássaro pela janela. A ação, aparentemente simples, carrega significado simbólico. Em um cenário de isolamento e abandono, cuidar de outro ser vivo reflete o desejo do protagonista de restabelecer conexões. Ao mesmo tempo, o pássaro pode ser interpretado como representação de fragilidade e esperança, temas que permeiam toda a narrativa.

O embate entre redenção e religião no filme de Darren Aronofsky

O personagem Thomas, interpretado por Ty Simpkins, tenta convencer Charlie de que a salvação passa pela fé, apresentando uma visão religiosa sobre redenção. No entanto, a trajetória do protagonista aponta para outro caminho: para ele, o verdadeiro sentido de redenção está em reconstruir a relação com a filha.

Essa oposição se intensifica quando Ellie revela que Thomas é um fugitivo de sua própria igreja, após ter cometido um roubo. Ao descobrir que seus pais o perdoaram, o personagem entende que o retorno ao lar é possível, evidenciando que o amor familiar pode ser mais poderoso do que qualquer imposição religiosa.

Crítica: o final explicado de A Baleia (The Whale, 2022); Charlie morre?

No desfecho de A Baleia, Charlie realiza um último esforço para se aproximar de Ellie. A sequência é marcada por uma forte carga simbólica: ao caminhar em direção à filha, o som do mar e uma luz intensa tomam conta da cena. Esses elementos indicam que o personagem atinge sua redenção pessoal e encontra paz.

Embora o filme não mostre explicitamente a morte de Charlie, a narrativa sugere que ele não sobrevive, já que sua condição de saúde é crítica e irreversível. O momento final conecta o presente ao ensaio de Ellie sobre Moby Dick, revelando que, para o protagonista, sua maior conquista foi restabelecer um vínculo genuíno com a filha.