Denis Villeneuve fez um trabalho incrível com Blade Runner 2049. Mas o que o futuro nos reserva, juntamente com as questões deixadas em aberto no filme?
A chegada de Blade Runner 2049 era cercada de muitos mistérios. Seria essa continuação capaz de fazer jus ao clássico filme de Ridley Scott em 1982? Rico em conceitos, denso e contemplativo, o clássico longa passou por diversos problemas até ser consagrado como um dos melhores de todos os tempos e, apesar dos problemas com bilheteria, é seguro dizer que Denis Villeneuve fez um bom trabalho.
Com base nisso, elaboramos uma lista onde questionamos se há chances de uma continuação, levantando coisas em aberto de Blade Runner 2049 e pontuando o que gostaríamos de ver nessa sequência (SPOILERS À SEGUIR):
Vai ter continuação?
Essa é a questão mais delicada e que pode inviabilizar tudo que trataremos à seguir. Talvez por desafiar demais a lógica blockbuster, Blade Runner 2049 não foi muito bem em bilheteria. Além disso, há o fato do marketing vendê-lo como um produto de ação, sendo que ele não o é. Resta a torcida para que a qualidade do filme dê algum retorno para os investidores a longo prazo, seja com a venda do Blu-Ray e DVD ou em produtos licenciados.
K morreu?
O destino de K (ou Joe, personagem vivido por Ryan Gosling) não fica muito claro. Seu arco dramático é uma das melhores coisas de 2049, onde o roteiro brinca com a clássica jornada do herói a partir do personagem e, nesse sentido, seria necessário criar uma motivação convincente para K na sequência já que sua missão foi cumprida ao colaborar com a rebelião replicante. O fato é que ele termina severamente ferido, mas vale lembrar que estamos tratando de um replicante.
Joi
A importância de Joi (Ana de Armas) para trama não apenas de Blade Runner 2049, mas todo o universo criado por Ridley Scott a partir do livro de Philip K. Dick, é muito grande. Ao oferecer uma nova perspectiva para o cânone (a da inteligência artificial), é alcançada uma profundidade incrível para esse mundo em termos conceituais, expandindo ainda mais as discussões sobre “o que é humano” ou “qual o limite da tecnologia”.
Como ficará a rebelião Replicante?
A rebelião promovida pelos replicantes seria o caminho mais óbvio para a sequência de Blade Runner 2049. No filme, Denis Villeneuve só nos oferece detalhes sobre isso no último ato, mas as pistas são mostradas desde o começo com Sapper (Dave Bautista). Mas a partir de agora temos a filha de Deckard, Dr. Ana Stelline (Carla Juri), como personagem central para liderar o grupo (ao menos é isso que eles esperam).
Niander Wallace
Outro ponto forte de Blade Runner 2049 é Niander Wallace, vivido por Jared Leto. Após a decepção como Coringa em Esquadrão Suicida, o ator conseguiu entregar um personagem onipresente na trama, apesar de pouco aparecer em tela. Para a sequência, seria interessante acompanharmos como ele irá lidar com sua atual derrota, após a “morte” de Deckard. Além disso, há muitas outras nuances a serem trabalhadas a partir de sua personalidade.
Questões extraplanetárias
Poucos comentam isso, mas já existem colônias vivendo fora do planeta Terra, e isso é mencionado tanto no original quanto em 2049. Para a sequência de Blade Runner 2049, seria muito interessante mostrar como se dá essa dinâmica, mostrando quais seriam as repetições de comportamento dos humanos e replicantes fora da Terra, e o que viria de novidade a partir dessa condição de vida.
Dennis Villeneuve
Eis o grande responsável por esse clássico moderno que é Blade Runner 2049. Mesmo com toda a dificuldade de absorver e replicar (perdoe o trocadilho) de modo respeitoso o trabalho de outra pessoa (nesse caso, ninguém menos do que Ridley Scott), Denis Villeneuve está de parabéns pelo resultado conseguido aqui. No entanto, é difícil supor que ele seria o responsável pela sequência do filme, devido à sua agenda cada vez mais concorrida, mas um envolvimento como produtor já estaria de bom tamanho, não? Vale lembrar que Villeneuve é o escolhido para dirigir a nova adaptação de Duna.
Ação
A ação cirúrgica de Blade Runner 2049 fez todo sentido dentro do contexto e proposta do filme. Para a sequência, poderia ser desenvolvido uma narrativa que converse mais com cenas do tipo. Ao menos isso permitiria que o longa fosse vendido de forma mais honesta, diferente do que aconteceu com 2049. Gatilhos para isso não faltam, sem contar que daria ainda mais uso para todos os apetrechos desenvolvidos pela produção, sob a tutela de Denis Villeneuve, apenas para o filme.
Deckard e Gaff
Assim como K, não há um motivo aparente para que Deckard (Harrison Ford) esteja na sequência de Blade Runner 2049. Isso dependeria muito da história criada e das motivações inseridas no personagem. Mas e Gaff (Edward James Olmos)? Desde o primeiro filme, ele parece ser uma pessoa com muitas informações a esconder, sem contar a excentricidade proporcionada com seus origamis. Seria um elo interessante entre todos os filmes.