A produção chilena Limpa (Limpia), dirigida por Dominga Sotomayor, estreou na Netflix chamando atenção por sua delicadeza e profundidade (crítica). Baseado no livro de Alia Trabucco Zerán, o filme retrata a relação entre uma babá e a menina sob seus cuidados, enquanto aborda questões de classe, solidão e afeto no Chile contemporâneo. A seguir, reunimos sete fatos e curiosidades sobre o longa que ajudam a compreender melhor sua criação e impacto.
1. Limpa é baseado em um romance premiado
O filme é inspirado no livro Limpia, escrito pela autora chilena Alia Trabucco Zerán, vencedora do Prêmio Anna Seghers e finalista do Man Booker International. A obra original explora a divisão social e emocional por meio do olhar de uma mulher que vive do trabalho doméstico, tema que a diretora Dominga Sotomayor ampliou para o cinema com foco no vínculo entre patroa, empregada e criança.
2. Dominga Sotomayor, de Limpa, é uma das diretoras mais respeitadas da América Latina
Conhecida por filmes como Tarde para morrer joven (2018), que lhe rendeu o prêmio de Melhor Direção em Locarno, Sotomayor tem se destacado por retratar personagens femininas complexas e ambientes familiares em transformação. Limpa dá continuidade a esse estilo, reforçando sua posição como uma das vozes mais importantes do cinema chileno contemporâneo.
3. As filmagens ocorreram em Santiago e no interior do Chile
A produção utilizou locações reais tanto na capital chilena quanto em pequenas comunidades rurais. Essa dualidade espacial reforça visualmente o contraste entre a origem humilde de Estela e o ambiente sofisticado onde ela passa a trabalhar, criando uma metáfora direta para a desigualdade social explorada pela trama.
4. O título original carrega duplo significado
A palavra “Limpia” não se refere apenas à limpeza física, mas também à purificação simbólica da culpa e das emoções reprimidas. No filme, o ato de limpar torna-se uma metáfora para o esforço de Estela em manter tudo em ordem, mesmo quando sua vida emocional se desintegra silenciosamente.
5. A relação entre Estela e Julia foi construída de forma naturalista
Antes das filmagens, María Paz Grandjean (Estela) e Rosa Puga Vittini (Julia) passaram semanas juntas, em ensaios e convivência fora do set. Essa preparação foi essencial para criar a intimidade que o filme exige, já que grande parte das emoções é transmitida apenas por gestos e olhares.
6. O uso da água é um símbolo recorrente
Piscinas, chuvas e reflexos aparecem em diversos momentos da narrativa. Segundo Dominga Sotomayor, a água simboliza o fluxo emocional das personagens e o modo como sentimentos reprimidos podem, aos poucos, transbordar. É também uma alusão à ideia de afogamento emocional e purificação, presente no título e na história.
7. O final de Limpa foi mantido em sigilo até a estreia
O desfecho trágico de Limpa não foi revelado nem durante a divulgação oficial do filme. A diretora optou por manter segredo sobre o clímax, permitindo que o público fosse surpreendido pela forma discreta, mas impactante, com que a história termina. Esse cuidado contribuiu para o debate sobre o peso emocional do longa e seu retrato realista das desigualdades invisíveis.