O filme Hedda assume a ousada tarefa de reinventar a clássica peça Hedda Gabler (1891) do dramaturgo Henrik Ibsen, transportando a narrativa para a Inglaterra dos anos 1950 e centrando-se numa protagonista que lida com poder, desejo, traição e manipulação. Com Tessa Thompson no papel-título e Nia DaCosta no comando como roteirista e diretora, a produção provoca reflexões sobre gênero, raça, ambição e o que significa controlar, ou perder, o próprio destino. A seguir, confira sete factos e curiosidades que ajudam a compreender melhor o filme.
1. Mudança de cenário: da Noruega do século XIX para a Inglaterra dos anos 1950
Nesta adaptação, DaCosta desloca o enredo original de Ibsen — ambientado em meados do século XIX em Oslo — para uma mansão na Inglaterra dos anos 1950. Esse recuo temporal e geográfico permite inserir elementos culturais e visuais distintos (como a estética pós-guerra, o jazz, as dinâmicas de alta sociedade britânica) enquanto mantém os temas centrais da peça.
2. Protagonista reinventada: Hedda como mulher birracial e bissexual
Tessa Thompson interpreta Hedda como uma mulher birracial (filha de um general branco e mãe negra, conforme sugestão da narrativa) e bissexual, redimensionando a personagem para refletir identidades pouco exploradas nas versões anteriores. Essa abordagem amplia o tema da alienação e da busca por poder num contexto mais amplo de raça, gênero e classe.
3. Relação de poder: Eileen Lovborg e o triângulo amoroso
Na versão de DaCosta, o personagem originalmente masculino “Eilert Lovborg” é transformado em Nina Hoss como Eileen Lovborg, ex-amante de Hedda e rival profissional. Essa troca de gênero reforça o enfoque na dinâmica feminina de poder, desejo e competição, constituindo um triângulo entre Hedda, Eileen e a nova parceira de Eileen, Thea.
4. Produção e estreia de Hedda: Festival, cinema e streaming
Hedda teve sua estreia mundial no Toronto International Film Festival (TIFF) em 7 de setembro de 2025. Depois, chegou aos cinemas em 22 de outubro e está disponível no Prime Video a partir de 29 de outubro de 2025.
5. Colaboradora de longa data: a parceria entre Dir. e atriz
Tessa Thompson e Nia DaCosta já haviam trabalhado juntas anteriormente — em Little Woods (2018) e em The Marvels. Com Hedda, essa colaboração se aprofunda, com Thompson também atuando como produtora da obra. Essa familiaridade ajudou a construir um ambiente de trabalho onde a atriz e diretora exploram juntos temas de poder, identidade e transformação.
6. Técnica de filmagem e design: a festa como palco único
Uma curiosidade técnica: DaCosta optou por filmar boa parte da narrativa dentro da mansão e seus terrenos — o cenário da festa — utilizando diferentes lentes e variações de design, figurino e iluminação para refletir a progressiva escalada emocional da noite. O figurino de Hedda faz referência ao corte da Dior da época, reforçando visualmente sua sensação de aprisionamento.
7. Trilha sonora de Hedda e cinematografia de destaque
A trilha sonora foi composta pela ganhadora do Oscar Hildur Guðnadóttir, cuja música amplifica a tensão e a sensualidade presente na festa e nos confrontos internos das personagens. A cinematografia ficou por conta de Sean Bobbitt, cuja câmera explora a opulência da festa, bem como os momentos de colapso emocional, com enquadramentos que reforçam o isolamento de Hedda.