Não adianta tentar fechar os olhos, a questão da imigração está ainda mais presente no cotidiano da população mundial. Capas de jornais, reportagens especiais na TV e inúmeros posts nas redes sociais tentam abranger todos os lados das milhares de histórias que se misturam todos os dias. Porém, recentes casos de violência nos EUA, Europa e aqui mostram que estamos longe de compreender totalmente a questão humanitária por trás desse êxodo.
E como o cinema ainda é o melhor lugar para se contar histórias, essa pequena lista conta com filmes que podem mostrar nuances desconhecidas da imigração.
A Jaula de Ouro (2013)
Escrito e dirigido por Diego Quemada-Díez, esse longa com viés documental conta a história de três adolescentes guatemaltecos Juan (Brandon López), Chauk (Rodolfo Dominguez) e Sara (Karen Martinez) que tentam atravessar a fronteira para os EUA e assim mudarem de vida. Díez mostra toda a crueldade da imigração, optando por não seguir um caminho fantasioso. Não são apenas os perigos da travessia que cercam os jovens, mas também a má índole das pessoas que surgem ao longo do trajeto. Estamos diante do famoso “soco no estômago”.
Incêndios (2011)
Ainda na categoria “soco no estômago”, Incêndios é uma das obras primas dirigidas por Denis Villeneuve. Na leitura do testamento de sua falecida mãe, os gêmeos Simon e Jeanne descobrem segredos obscuros relacionados a família. No ímpeto de realizarem os estranhos últimos desejos da matriarca, ambos partem para uma jornada no Oriente Médio. Aqui, Villeneuve nos mostra a imigração por outro viés. Saímos do Canadá e somos jogados nos conflitos violentos dos anos 70 no Oriente Médio. É impossível sair do filme e não enxergar o mundo com outros olhos.
Neste Mundo (2002)
Tão pesado quanto A Jaula de Ouro, Neste Mundo não busca esconder a brutalidade que envolve a imigração, especialmente em territórios hostis. O docudrama dirigido pelo inglês Michael Winterbottom narra a jornada dos primos Jamal (Jamal Udin Torabi) e Enayat (Enayatullah) que partem de um campo de refugiados no Afeganistão rumo a Londres. Atravessando países como Irã, Turquia e Itália, os primos viajam nas piores condições existentes e sofrem nas mãos de trapaceiros e contrabandistas. Com uma narrativa sutil, o diretor aborda com eficiência o debate sobre a busca sangrenta pela melhora de vida.
Biutiful (2011)
Os talentos de Alejandro González-Iñárritu e Javier Bardem se unem para dar vida a um dos grandes filmes dos últimos anos. Na trama, Uxbal (Bardem) é um pai solteiro que cuida de dois filhos e ganha a vida empregando e explorando imigrantes ilegais chineses. Não bastasse isso, ele usa seu dom sobrenatural para tirar dinheiro de pessoas em luto. Quando um exame revela que sua vida está no fim, Uxbal entra numa espiral de destruição. Biutiful é seco, tenso, pesado e coberto de uma carga de realismo assustadora quanto a condição de vida dos imigrantes.
Era o Hotel Cambridge (2017)
Para encerrar a lista, nada melhor que um filme nacional. Dirigido por Eliane Caffé, Era o Hotel Cambridge mistura atores e personagens reais para contar a história de imigrantes e desabrigados que moram num prédio abandonado em São Paulo. Apesar de contar com atores famosos no elenco, o foco da diretora está justamente nos refugiados que chegam ao nosso país apenas com a esperança de conquistarem um futuro melhor. Um filme necessário, especialmente se levarmos em consideração os recentes acontecimentos com imigrantes venezuelanos.