Que adolescentes estão sempre tomando decisões ruins, isso já sabemos. Faz parte do processo de amadurecimento. Mas imagine que você, aos quinze anos, desesperada por estar sempre acompanhada de fantasmas, bons e ruins, sem saber o que fazer com os próprios dons e a própria espiritualidade, invocasse um demônio pra te ajudar. O que você faria depois, ao perceber que cometeu um gigantesco erro? Bem, é o que descobrimos em Tulipa, Luz e os Fantasmas do Passado.
Sinopse
Tulipa é influenciadora digital espiritualista e tenta, com seus vídeos de relatos sobre experiências espirituais macabras, acalmar os corações de seus seguidores com a intenção de ensiná-los a lidar com a sensitividade de uma forma melhor do que ela mesma teve na sua adolescência.
Depois de anos sem problemas com o demônio que invocou para si mesma aos quinze anos de idade, em uma jornada repleta de espíritos bons e ruins, Tuli recebe uma canalização de amor que vai mudar sua vida para sempre e vai trazer de volta amores e fantasmas do passado, com os quais vai ter que lidar enquanto resolve seus traumas pessoais e tenta descobrir mais sobre a própria identidade de gênero.
Sobre a história
Tulipa é ume protagonista interessante, longe de ser perfeite ou ume heroíne, ou mesmo a pessoa mais poderosa que vai ler sobre. Na verdade, elu foi criade de uma forma incrivelmente sensível, que vive de forma clara os seus conflitos e os confronta da maneira mais humana possível: ora desviando o foco, ora se forçando a olhar de frente e buscar as melhores soluções, seja sozinhe ou com alguém. Gente como a gente, alguns diriam.
Gosto de como a sua jornada se desenrola, sem um caminho perfeitamente distinto para seguir, e sim como a vida se apresenta, como se houvessem inúmeras encruzilhadas pelas quais você passa ao mesmo tempo, tentando equilibrar a autodescoberta em relação ao seu gênero, que questiona ao longo da narrativa, que fica entre a linguagem neutra e o feminino; seu trabalho, que apesar de gostar, também odeia, afinal, ser influenciadore digital deve ser meio inferninho; suas amizades, a vida social (que prefere nem ter), a espiritualidade, e, de repente, um possível amor. Tudo isso em uma narrativa que não enrola, é bem fluida e objetiva, com várias citações maravilhosas para marcarmos.
Apesar de ser uma personagem secundária, Luz é incrivelmente carismática e nos conquista logo de cara, assim como conquista Tulipa. O relacionamento delas é leve, fofo, e você fica com o coração quentinho ao passar as páginas, assim como preocupada, pois há um suspense na história envolvendo o famigerado demônio que Tulipa invocou no seu passado e retorna apenas para fazer o que faz de melhor, que é ser uma criatura horrível.
O arco com o demônio é interessante, embora o seu final pudesse ter sido aprimorado, para ficar com um gosto mais agridoce nas nossas bocas ao lermos, mesmo que haja sim uma satisfação em ver uma criatura desagradável dessas tendo o fim que teve.
A ambientação nacional e o fato da história não carregar consigo hábitos de escrita estadunidenses, nem uma trama que envolva os temas batidos daquele tipo de narrativa, tornam a história ainda melhor. Além disso, temos protagonismo preto, sáfico e não binárie.
No fim, o livro é agradável, fofo, e perfeito para as sáficas suspirarem sonhando com o amor eterno de Tulipa e Luz.
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