“Ser um Witcher é como uma maldição. Ou…quase isso. Por natureza, temos bem poucos amigos.”
The Witcher – A Casa de Vidro é o primeiro volume da HQ publicada no Brasil pela Pixel sobre as aventuras de Geralt de Rivia (protagonista da série de jogos The Witcher), reunindo as cinco edições publicadas pela Dark Horse em parceria com a CD Projekt Red em meados de 2014 em solo estadunidenses e chegando no fim de 2015 em nosso mercado nacional. Esse universo ganhou grande notoriedade devido ao sucesso de sua transposição para os games, mas devemos lembrar que as histórias do mago Geralt começaram na literatura. Na década 80, foi lançado o conto “Wiedzmin” (The Witcher em inglês), do escritor Polonês Andrzej SapKowski, criador das temidas demandas vivida pelo Mago de Rivia.
Desconheço os livros de Andrzej que contam a epopeia desse ser arcano, mas o misticismo sempre é algo interessante, ainda mais os mitos e folclores em geral nessa sombria abordagem no leste europeu, e é por isso que a HQ logo chama a atenção. Primeiramente pelo belo trabalho da Pixel, em entregar um lindíssimo encadernado de luxo e um trabalho editorial competente, incluindo conteúdo extra para entendermos o trabalho de criação visual de uma obra como essa, além de pin ups de artistas bem consagrados, como Simon Bisley e Mike Mignola.
Falando em Mignola, posso adiantar um dos grandes atrativos dessa compilação, a arte de Joe Querio, que lembra demais seus traços, combinando com esse ambiente místico cheio de criaturas bizarras dignas de um conto de H.P. Lovecraft como Drowner, Bruxae, Bruxa de Sepultura e Leshen, que aterrorizam mesmo os mais valentes viajantes.
Tudo é bem trabalhado no roteiro de Paul Tobin. Na trama acompanhamos o Bruxo Geralt encontrando um caçador solitário chamado Jakob. Ele é um viúvo e sua amada foi morta e amaldiçoada por um grupo de Bruxae, que tomou sua amada e a transformaram numa de sua espécie. No decorrer da trama, o Amuleto do Bruxo (um artefato que sempre informa a Geralt quando coisas místicas e estranhas estão a sua volta) faz com que ele aceite a companhia do solitário Caçador, e acabem dando de cara com uma casa cheia de mistérios e maldições. A tal casa de vidro. Novos conceitos são apresentados onde nem tudo é branco ou preto, o verdadeiro mal pode vir de onde menos suspeitamos e o amor pode ser desvirtuado e transformado na maior das maldições.
Ao entrar neste mundo criado por Andrzej SapKowski entrei em território completamente desconhecido, como um aventureiro sem saber o que a jornada poderia me apresentar. E mesmo sem nenhum background do personagem, a leitura foi muito fluida e agradável, trazendo uma vontade de conhecer mais desse personagem, suas motivações, seu passado e o que o levou a se transformar no que é.
Os conhecedores das aventuras de Geralt de Rivia vão se sentir muito bem colocados nesse mundo e entenderão algumas referências que passaram despercebidas por mim. Mas ainda assim, é um leitura recomendada para todos, e te lembra que o mercado de comics não é apenas dominado por Marvel e DC, onde existem muitas história sendo contadas e que precisam ser lidas.
A Pixel já lançou o segundo volume, The Witcher – Os Filhos da Raposa, aumentando assim minha curiosidade e me fazendo querer não só ler os livros, mas começar inclusive a jogar os jogos e consumir cada vez mais desse mundo bizarramente interessante e desvendar seus mistérios.