Em um projeto audacioso, a quadrinista e roteirista Germana Viana se juntou com amigas para lançar o famigerado Gibi de Menininha (que já ganhou uma continuação, Gibi de Menininha 2), uma antologia com várias histórias para maiores de 16 anos que focam em putaria e horror, justamente para quebrar a ideia misógina da sociedade de que mulheres só escrevem coisas fofas, além de outros pensamentos retrógrados.
Parte desse projeto são HQs independentes, escritas e ilustradas por pessoas diferentes, derivadas do universo do Gibi de Menininha. Obviamente, assim como o projeto que iniciou tudo, são roteirizadas e desenhadas por mulheres. Basicamente, de mulher para mulher (e eu sei que você completou com um “marisa” aqui). Brincando, é para todos os públicos mesmo. Segue aí!
Antônio (Roteiro: Camila Suzuki; Arte: Fabiana Signorini)
Sinopse: Alessandra está pronta para viver conforme suas próprias regras em um cantinho só seu, porém obstáculos surgem quando ela descobre que o antigo proprietário deixou algo além da mobília para trás.
Com uma protagonista com o qual podemos nos identificar, a história gira em torno de Alessandra e sua mudança, pronta para viver em plena liberdade e fora das paredes sufocantes da casa da sua família onde não pode ser quem realmente é. Óbvio que ela não esperava que o seu novo lar não fosse ser tão lar assim… Ou será que sim?
A história nos apresenta rapidamente as personagens, mas, apesar da “pressa”, consegue nos envolver no drama e no mistério que ronda a narrativa. Com um final de arrepiar, Antônio não desce fácil, rasgando a sua garganta a cada página!
Dóris (Roteiro: Dane Taranha; Arte: Roberta Cirne)
Sinopse: Rene é um homem ambicioso prestes a se tornar sócio da empresa em que trabalha. Mas ele não suspeita que sua amante também tem a mesma pretensão. Traído, vai fazer de tudo para retomar seu lugar. A única coisa que pode atrapalhar os planos de Rene é uma mosca!
Aqui a arte é importantíssima para trazer um desconforto que nos acompanha desde a primeira página, com bordas que refletem o cenário atual. Dóris é uma mulher inteligente e passa facilmente a perna em Rene. Em uma história que eu suponho que tenha uma pitada de inspiração em uma obra aculá de Estevão Rei, você vai enlouquecer com o protagonista.
Carla (Roteiro: Clarice França; Arte: Kátia Schittine)
Sinopse: Quando Carla ganha de sua mãe um espelho antigo da família, ela começa a ter pesadelos bizarros e a encarar situações que vão muito além de seu reflexo.
Acho que Carla foi a história que eu menos gostei por um motivo: muito curta. Ela abre questões e as deixa soltas para que imaginemos, mas, ao invés de ser algo satisfatório e complementar ao que tá sendo contado, elas parecem ser importantes para que consigamos nos ligar à protagonista. Essa história é menos envolvente, mas não menos aterrorizante, com um final que pode levar os mais fracos a darem uma estremecida ao fechar na última página e pensarem que, talvez, não estejam com tanto sono assim…
Patrícia (Roteiro e Arte: Germana Viana)
Sinopse: Toda rua tem uma Patrícia. Esta é a história de uma delas… Mas não se engane, é uma história de horror.
Essa foi a minha favorita, de longe. Em poucas palavras, Germana nos envolve na história de Patrícia, nos cativa, nos faz temer e, então, dá uma reviravolta que leva nosso estômago junto e, depois, pisa no nosso coração. Você vai se aterrorizar com os detalhes incríveis, o cuidado perfeccionista da autora como quadrinista em retratar com fidelidade o que precisa ser passado. Levamos um murro com o terror, mas torcemos com amor por tudo.
Sinceramente apaixonante.