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Vazio, de João Vitor Palermo (AVEC Editora) | Crítica

São 3h da manhã e nosso protagonista não consegue dormir. Vai até o banheiro e se medica, desmaia, acorda, vai trabalhar e assim vai seguindo sua rotina no modo automático. Nada importa nem o motiva a apreciar uma gota de satisfação. Tudo é Vazio.

Trata-se de uma obra que você vai consumir rapidamente, mas sua absorção não é imediata: são doses de reflexão, assim como depressão e vício não são resolvidos de uma hora pra outra. João Vitor Palermo produziu essa e sua outra HQ, intitulada Solidão, para dar vazão a sua dor proveniente de uma tragédia que o levou a dependência química e depressão.

Outro motivo da rápida leitura é porque Vazio é um quadrinho mudo, ou seja, sem os tradicionais balões de diálogos ou pensamentos dos personagens. É uma boa sacada, pois essa estratégia se comunica com a proposta da história e torna a missão do autor mais desafiadora.

Desse modo, vamos entender tudo através dos sinais dos personagens, suas expressões e objetos inseridos nos cenários.

Os traços de João Vitor Palermo transitam da frieza cotidiana até o assustador aspecto de dor do protagonista, que aparenta, apenas para fins de comparação, uma versão ainda mais depressiva daquele Keanu Reeves alimentando os pombos cabisbaixo num banco da praça.

Vazio é um trabalho de respeito realizado pelo autor, que agrega positivamente e diversifica o catálogo de obras da AVEC Editora.