Li poucas coisas de Supergirl, personagem criada em 1959 (no Brasil, foi primeiramente batizada de Supermoça), como sua participação e morte em Crise nas Infinitas Terras, que inclusive rendeu umas das mais marcantes capas da DC. Sua minissérie Supergirl: A Mulher do Amanhã, escrita por Tom King, me despertou a curiosidade por já ter lido e gostado de algumas coisas escritas por ele, como Visão, Senhor Milagre, Estranhas Aventuras, alguns arcos de Batman etc.
Na história, Kara Zor-El é uma jovem de 21 anos desencantada com a vida após ter seu planeta destruído, ir pra Terra ajudar seu primo, mas sem se sentir útil, passando a viajar sem rumo pelo universo, sempre sendo lembrada, aonde quer vá, de algo relacionado ao Superman. Em meio a esta caminhada a esmo, se depara no dia do seu solitário aniversário com uma garota chamada Ruthye Marye Knoll, que está em busca de um mercenário que tope matar o assassino de seu pai. Ruthye, ao ver o poder da heroína num bar, tenta convencê-la a aceitar a empreitada vingativa, mas Supergirl é reticente e rejeita a proposta inicialmente, no entanto, alguns eventos ocorrem e ligam as duas, dando início a um “faroeste espacial” vivenciado pela dupla.
O roteiro de Supergirl: A Mulher do Amanhã é pautado sob o ponto de vista de Ruthye em sua sanha vingativa que narra a trajetória de Supergirl, numa história que faz lembrar o filme Bravura Indômita (2010), remake dos irmãos Coen numa perspectiva feminina. Numa jornada de amadurecimento mútuo, mergulhamos nos traumas, nas dores e frustrações das duas personagens, em um universo por vezes tão cruel, com ambas inspirando uma a outra para sobreviver e superá-lo.
Contando com alguns momentos sensíveis e tocantes em meio a um contexto tão violento, o desenho impecável da brasileira Bilquis Evely, junto das cores feitas pelo também brasileiro Matheus Lopes, são fundamentais para a narrativa, complementado e até engrandecendo a história, desde as cenas mais brutais às mais sutis, numa epopeia que percorre tantos cenários e momentos brilhantemente desenhados, explorando tão bem as histórias das duas protagonistas, que inevitavelmente impactam emocionalmente o leitor. Não à toa será adaptada para o cinema, conforme anunciado. Vale demais a leitura!