Menegatto - A Pedra da Lua Ernani Cosandier Menegatto - A Pedra da Lua Ernani Cosandier

Menegatto – A Pedra da Lua (Ernani Cousandier) | Crítica

A Pedra da Lua é HQ envolvente e indispensável para fãs do estilo franco-belga

Algumas obras são como vinho, ou então mais atuais do que nunca. Em Menegatto – A Pedra da Lua, Ernani Cousandier entrega uma história envolvente ambientada de forma inusitada no continente americano, com um exercício de futurologia aparentemente involuntário.

A trama acompanha Menegatto, um ladrão profissional que está tentando seguir com sua vida agora longe dos crimes, algo subitamente alterado quando surge a oportunidade irrecusável de afanar um raríssimo presente dado pelo presidente estadunidense Richard Nixon ao então mandatário brasileiro Emílio Médici: uma pedra lunar.

Temos como gatilho para o desenrolar da história um objeto real residido no museu da cidade de Bagé – RS (terra natal de Médici, que governou o país entre 1969 e 1974), hoje aos cuidados da universidade local. A partir daí, começamos a viajar com a narrativa do autor.

É uma história com muito humor e sacadas engenhosas, como na cena do banheiro do avião. Isso não impede que o texto de Ernani Cousandier seja maduro o suficiente ao lidar com a índole de seus personagens, habitando as regiões cinzentas do ser humano. Menegatto é um personagem brasileiro em muitos sentidos com sua malandragem, e vem dele a maior parte da autenticidade desse trabalho. Vale lembrar que o personagem deu as caras originalmente nas páginas de Nenhum Dia Sem Um Traço, obra do autor lançada em 2014 e ganhadora do Troféu Angelo Agostini como Melhor Lançamento Independente daquele ano.

É incrível também como os diálogos são muito bem construídos, e mesmo quando em idiomas diferentes como inglês e espanhol, em nada nossa leitura é atrapalhada. Muito pelo contrário: tudo se torna mais rico e imaginável nas conversas de A Pedra da Lua. É um mix perfeito de fatos históricos com ficção onde diversas figuras históricas são divertidamente caricaturadas por Cousandier, como os já citados Médici e Nixon (a mais legal delas não citaremos para não revelar muito sobre a trama).

Tendo em vista o cenário geopolítico atual, essa obra só tende a se valorizar com a morte recente de Fidel Castro e a abertura do mercado cubano para o resto do mundo. Menegatto – A Pedra da Lua é leitura essencial para quem busca uma história rica, seja nos traços de Cousandier ou mesmo no subtexto da obra.

Formato: 23 x 30 cm
Páginas: 118
Editora: Independente
Idioma: Português
País de Origem: Brasil