Obra prima de Neil Gaiman, Deuses Americanos não pode faltar no panteão da sua estante
A trama de Deuses Americanos acompanha Shadow Moon, um condenado que está prestes a sair da prisão. Sua saída, porém, é antecipada em alguns dias quando sua esposa morre num acidente de carro. Em meio ao luto, Shadow conhece o persuasivo e enigmático Wednesday, um homem que busca um segurança particular para seus negócios oferecendo assim um emprego ao protagonista, que logo percebe que a rede de negócios do seu novo chefe é um tanto incomum.
Não é um país fácil para os deuses
É incrível como Neil Gaiman consegue extrair a essência estadunidense e transportar seus entendimentos para o livro. Sua preocupação aqui é principalmente com o viés migratório do país, onde ao longo da história pessoas do mundo todo foram para lá levando de alguma forma seus deuses e crenças, que por sua vez foram esquecidos, ao mesmo tempo que outros nasciam. Nas páginas, isso é reforçado através dos contos do senhor Ibis, que por si só renderiam histórias próprias.
A gama de personagens pode atrapalhar um pouco o leitor mais disléxico que, somado aos diversos momentos de devaneio de Shadow (como nos sonhos), acaba tornando Deuses Americanos uma experiência bastante complexa, seja pelo cunho lúdico das situações criadas por Neil Gaiman ou mesmo a introspecção que tudo isso traz. Logicamente, esse último lado nem se compara a outra obra tida como máxima do autor, que é Sandman.
Como se não bastasse, Deuses Americanos possui a característica de ser uma fonte riquíssima de referências. Mas nem tudo vem de mão beijada aqui, e nossa curiosidade é aguçada a cada novo personagem que aparece, junto com suas descrições e diálogos, trazendo a questão "que Deus será que é esse"? Alguns já trazem dicas só pelo nome, como é o caso de Low Key Liesmith, Easter e Ibis. Fica o desafio.
Edição e série na TV
Recentemente, a Editora Intrínseca lançou uma "Edição Preferida do Autor" para o livro, que conta com capítulos expandidos, artigos, uma entrevista com Gaiman e um inspirado texto de introdução. O mesmo tipo de trabalho foi feito com outras obras do autor como Lugar Nenhum e Os Filhos de Anansi (esse último sendo um cativante personagem de Deuses Americanos, inclusive). Trata-se de uma boa alternativa em relação à antiga edição da Editora Conrad. Também é tempo de celebrar a estreia da série na TV. Nos EUA, Deuses Americanos será transmitido pelo canal Starz, chegando ao resto do mundo pelo serviço de streaming da Amazon.
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