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O Príncipe da Névoa, de Carlos Ruiz Zafón

O Príncipe da Névoa, meu primeiro Zafón foi também o primeiro livro publicado pelo autor em seus vinte e poucos anos, onde ele já esboçava a predileção pelo gótico, ainda que seja uma narrativa completamente clichê, da premissa aos personagens. Porém, antes de atingir a fama e o sucesso com A Sombra do Vento, o escritor barcelonês fez essa pequena sessão da tarde, de mistério e aventura, que faz vários acenos para o terror e lembra um bocado Stephen King, mas sem tanta crueza (as comparações com IT são inevitáveis).

Sendo este um livro do início dos anos 90, é passível de relevar os estereótipos do vilão demoníaco (com aparência de palhaço, veja só, e que faz pactos para sobreviver), do velho sábio no farol, do protagonista que atua mais como espectador tal qual o público leitor, e de um jovem casal apaixonado; tudo isso ocorrendo em uma praia durante o verão, que ficará marcado para sempre em suas vidas e vai também pontuar uma virada para a maturidade. A relação da convocação para a guerra com uma tragédia iminente é uma boa metáfora.

A não nomeação da localização me incomodou, mas foi uma escolha proposital do autor para deixar o enredo acessível de qualquer ambiente, ainda que o cenário seja claramente europeu. Mesmo com uma história previsível e com personagens que falam todos a mesma voz (a voz do narrador, e esta de um escritor ainda verde na ocasião de sua escrita, o que também é perdoável), o grande trunfo de O Príncipe da Névoa está justamente nas palavras de Zafón, que encontra formas incríveis de descrever cenários e situações, deixando cada passagem deliciosa de acompanhar, em uma leitura rápida, de fácil absorção, que prepara o terreno para seus livros mais famosos.

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