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Crepúsculo do Morcego: uma visão escatológica do personagem da DC

Não há dúvida que o Batman é um dos personagens mais famosos da cultura pop. Com muitos anos nas costas e diferentes reinterpretações em diversas mídias, não é estranho que ele possua também algumas paródias. Crepúsculo do Morcego, de Josh Simmons e Patrick Keck, publicado pela primeira vez no Brasil pela Editora Monstra, é uma dessas reimaginações. O chamado “Morcego” patrulha as ruas de G—- City enfrentando vilões como o “Gozador”.

Já nas primeiras páginas desses encadernado com duas histórias, percebemos o caminho que essa imaginação vai levar. Os autores trazem um estilo de arte e narrativa que vai te lembrar dos zines obscuros que você encontra em comic shops ou que aquele seu amigo esquisito te apresenta. Com artes e escatologia no melhor estilo Robert Crumb, esse quadrinho vai te fazer refletir sobre o personagem e sobre a influência dos super-heróis na nossa sociedade.

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A reflexão sobre o Batman como alguém perturbado que sai na rua vestido de morcego pra espancar pobres não é nova. Mas, de certa forma, é sempre bom ver obras que seguem por esse lado. Nesse ano tivemos uma versão mais séria dessa crítica no filme de Matt Reeves. Já aqui, a visão é bem mais cômica, cartunesca e zoada. Simmons e Keck não tem medo de expor a realidade doentia em que se encontra o Morcego e seus coadjuvantes. Seja representando psicologicamente a ética perturbada do personagem, mas também oferecendo violência e escatologia bem visual para combinar com essa sua visão deturpada da sociedade.

Apesar disso, Crepúsculo do Morcego não quer ser uma obra super complexa e profunda sobre o tema. Percebe-se que os autores estão se divertindo enquanto utilizam sua arte para dizer algo que querem sobre esse personagem. Esse estilo de zine, sem regras e pudores, funciona perfeitamente para trazer histórias bastante pesadas no seu âmago, mas representadas de forma divertidamente doentia.

A edição brasileira de Crepúsculo do Morcego está de parabéns, com um ótimo acabamento de capa e qualidade das folhas. Fico feliz de ver uma editora nacional também procurando pérolas escondidas lá de fora para ter um lançamento oficial no Brasil. Apesar de ser uma revista de curta duração e tamanho é um ótimo item para ter na sua coleção. É uma leitura rápida, mas é daquelas que ficam na sua mente por um bom tempo.