Nascido em 1953, na Inglaterra, Alan Moore é um dos mais conhecidos nomes do mundo das HQs, pai de obras inesquecíveis como V de Vingança, Watchmen, Monstro do Pântano, Batman: Piada Mortal, entre outras. Para alguns, ele é o melhor escritor de quadrinhos de todos os tempos, e também já foi descrito como o melhor escritor britânico dos últimos 50 anos. Desde criança, o autor já mantinha o hábito de ler. Começou a própria produçãode obras no final dos anos de 1960, com poesias e fanzines para publicações informais. Passou por algumas situações inusitadas, como ser expulso do colégio por traficar LSD e ser rejeitado em todas as outras escolas da região. Tentou empregos “regulares” de escritório, entre outros, mas nenhum deles fez com que se sentisse minimamente realizado e resolveu partir para o lado mais artístico, para a nossa sorte.
Iniciou a vida de arte publicando tirinhas em jornais, anonimamente em revistas, e recebendo auxílio do governo para se manter com sua família. A princípio, ele desenhava e escrevia seus trabalhos, mas logo chegou à conclusão de que não desenhava bem ou rápido o suficiente para continuar assim, então optou por somente escrever os quadrinhos e pedir ajuda. Enviou, para a revista 2000 AD – uma das revistas de quadrinhos mais importantes do Reino Unido (ao menos na época), um roteiro para Juiz Dredd, mesmo este não precisando. Alan Grant viu potencial em Moore, e o convidou a escrever para a série Future Shocks, no qual teve diversos roteiros rejeitados, enquanto recebia dicas do próprio Grant sobre como melhorar, até finalmente ser aceito. Tornou-se um escritor de quadrinhos freelance, publicando contos curtos para algumas revistas, situação que ele considera como tendo sido muito boa para o seu aprendizado.
Uma de suas obras mais icônicas e lembradas, V de Vingança, nasceu de uma parceria com a revista Warrior, por volta de 1982. A história teve, inclusive, uma adaptação cinematográfica em 2006, com Hugo Weaving e Natalie Portman, que fez bastante sucesso. Na mesma época, ele terminou a HQ Miracleman, que era uma história considerada infantil pelo autor e a trouxe para o mundo real, encorpando o enredo e tornando o quadrinho muito melhor do que originalmente pensado.
O bom trabalho de Alan Moore chamou a atenção do editor da DC Comics, que o contratou para tentar ressuscitar a saga do Monstro do Pântano, que ia de mal a pior. Por causa do sucesso dele com o Monstro do Pântano, a DC Comics começou a convidar mais artistas britânicos para revigorar personagens flopados – um deles sendo o nosso querido Neil Gaiman. Durante a história do Monstro do Pântano, Moore trouxe personagens considerados mortos para a editora e ainda criou um dos favoritos do público até hoje: John Constantine, que posteriormente ganhou sua própria história: Hellblazer, que se tornou o a série mais longa da Vertigo, com 300 edições.
Depois disso, Alan Moore trabalhou com personagens de peso da DC Comics, como Super-Homem e Batman. Mas sua consolidação definitiva de autor de quadrinhos viria com a série Watchmen, por volta do ano de 1987. Foi o único quadrinho a ganhar o prêmio Hugo, em uma categoria que foi criada só para ele. Esse trabalho transformou a visão das pessoas em relação aos super-heróis, levando esses personagens para um caminho mais obscuro. Infelizmente, ao que parece, na época, a DC Comics não estava pagando bem os seus artistas, assim como eles não tinham direito às suas obras da maneira como gostariam, fazendo com que não somente Moore cortasse laços com ela, como outros artistas também abandonassem o selo.
Mad Love e o enfrentamento político
Alan Moore montou a própria editora, Mad Love, com a esposa e a namorada, lançando títulos polêmicos, como a série AARGH, que servia para bater de frente com as leis retrógradas de Margaret Tatcher (Primeira Ministra britânica, atualmente presente na série The Crown da Netflix) em relação à comunidade LGBTQ+. Depois de diversas publicações, Mad Love acabou quando tanto a esposa quanto a namorada terminaram com ele (e levaram o dinheiro). As próximas publicações foram com editoras diferentes, em trabalhos aclamados, como From Hell e Lost Girls. O próximo outro lançamento de sucesso do autor veio com a série Supreme, em que ele optou por ir ao contrário de tudo o que já havia feito antes e sendo extremamente aclamado por isso. Nos próximos anos, teríamos outras de suas famosas obras, como A Liga Extraordinária (que no futuro seria transformada em um péssimo filme) e Promethea.
Houveram ainda diversos outros trabalhos, mais intriga com a DC Comics (ele voltou a fazer negócios com ela), que não lhe dava a independência que tanto queria, até que ficou somente no meio underground. Moore recebeu diversos prêmios ao longo da sua carreira, e algumas de suas obras foram parar no meio cinematográfico, como a já citada A Liga Extraordinária, mas também V de Vingança, e recentemente Constantine recebeu uma série (cancelada, infelizmente), mas também possui um filme com o maravilhoso Keanu Reeves, cuja continuação está prometida para logo. O último sucesso relacionado às suas obras foi a série Watchmen, que agradou ao público e recebeu prêmios. Mas ele não quis saber de nenhuma dessas adaptações, pedindo para que o seu nome fosse desvinculado de todas e perdendo milhões em direitos autorais – fato que não parece incomodá-lo.
E hoje, 18 de novembro de 2020, esse importante autor completa seus 67 aninhos como um velho excêntrico, ocultista e anarquista, que faz questão de espalhar tal fama, divertindo-se imensamente com isso. O importante é que Alan Moore ainda é considerado um dos melhores artistas do mundo dos quadrinhos, e vale a pena soprar uma velinha em sua homenagem no dia de hoje.