O quadrinho independente nacional está vivendo uma boa fase, principalmente por causa das plataformas de financiamento coletivo, como o Catarse. A última que tive o prazer de colocar as mãos foi Hell No!, de Leo Finocchi.
Hell NO! – Meu pai é o Diabo conta a história de Lúcio, um meio humano e meio diabo que possui os problemas comuns de um garoto da sua idade: tem que ir pra escola no inferno e lidar com o bullying de seus irmãos demônios, tudo isso porque seu pai é o próprio Lúcifer.
A curtinha e simpática hq de Leo Finocchi traz uma história divertida onde diversos elementos são apresentados, tudo isso com a ótima arte cartoon que permeia a revista. Dá para ver que os personagens apresentados tem personalidades bem próprias e você fica querendo saber para onde a história vai. Todo o quadrinho me passou a impressão de estar assistindo um desenho do Cartoon Network e me deu vontade de ver aquilo animado.
O autor Leo Finocchi deu uma pequena entrevista para o Cosmonerd falando das suas inspirações e umas dicas para quem está entrando nesse mercado. Confira abaixo:
“De onde surgiu a ideia do quadrinho, de onde vieram as inspirações? Houve alguma pesquisa sobre o assunto?”
As ideias pros meus quadrinhos vem de conversas que tenho com amigos ou que ouço na rua, situações com amigos ou que também vejo na rua e coisas que leio sobre diversos assuntos. Gosto da ideia de misturar o que seria normal com alguma coisa fantástica ou imaginária, como o colégio no Inferno no caso do Hell NO! ou um grupo de amigos que só que sair e encher a cara com um zumbi sendo da galera, como no Nem Morto, meu quadrinho anterior. Pro Hell NO!, li sobre cristianismo, demônios e um pouco sobre rituais
e coisas sobrenaturais, mas não pretendo me aprofundar nisso, só quero fazer um quadrinho divertido. Não esperem aprender a invocar um demônio lendo o quadrinho.
“Seu traço é muito legal. Quais são seus ilustradores favoritos e que mais te inspiraram?”
Obrigado por gostar do meu traço! Acho que sempre gostei muito de traço mais Cartoon, quando era mais novo fiquei maluco quando vi umas HQs desenhadas pelo Joe Madureira e pelo Humberto Ramos, eles tinham o traço menos basicão super herói, mais manganizado e achei isso sensacional!
Hoje em dia muito do meu traço tem influência de desenho animado, que é o que trabalho desde 2007. Claro que tem vários desenhistas que acho maneiros, vou citar alguns, além dos citados acima: Chris Bachalo, Skottie Young, Davi Rubin, Jeff Smith, Arthur Adams, Noelle Stevenson, Andrew McLean, Jen Wang, Cory Walker, Davi Calil, Matt Smith… a
lista é gigante, poderia falar vários nomes, mas esses sempre que sai alguma coisa, eu compro.
Vi que você trabalha com animação e enquanto lia a HQ imaginei ela virando uma série animada. Você tem planos para transformar o quadrinho em um desenho para TV ou internet?”
Não tenho nenhum plano de transformar, seria impossível produzir sozinho uma série animada. Mas isso não quer dizer que não aceitaria que virasse uma série animada, se alguém quiser oferecer uma proposta, eu ouviria.
“Que dica você daria para os iniciantes no quadrinho independente ou na área de animação no Brasil?”
Pras 2 áreas eu diria, senta a bunda na cadeira e desenha, desenha, desenha e desenha.
Pra quem vai começar em quadrinhos, se prepara, que não rola dinheiro na cena independente no Brasil, muito pouca gente consegue pagar uma conta ou outra com isso, então é pra fazer porque gosta mesmo e tá na pilha.
Pra quem quer animação é montar um bom portfólio e mandar pros estúdios porque tem algumas produções rolando em alguns estúdios, mas se prepara também, porque é por projeto e se não tem outro projeto engatilhado no estúdio, capaz de ficar sem trabalho.
Nenhum dos dois trabalhos dá estabilidade, animação ainda dá um salário mensal por um tempo, então mais uma vez é fazer porque gosta.
Hell NO! – Meu pai é o diabo já foi financiado mas pode ser comprado no site da Balão Editorial. A prévia da hq pode ser lida online no Tapastic.