chico bento arvorada orlandeli (3) graphic msp chico bento arvorada orlandeli (3) graphic msp

Chico Bento – Arvorada (Graphic MSP) | Crítica

Orlandeli reforça um dos personagens mais valorosos de Mauricio de Sousa numa história que ensina a viver o presente

Lançado em 2017, Chico Bento – Arvorada é uma tocante Graphic MSP publicada pela Panini Comics. O roteiro, arte e cores ficam por conta de Orlandeli, que traz um projeto bem diferente em relação a Pavor Espaciar (2013), primeiro lançamento do personagem dentro do selo.

A história mostra o protagonista terminando seus afazeres no campo, quando é convocado pela Vó Dita para contemplar o ipê-amarelo do sítio, que está em seu momento anual de arvorada (daí o duplo sentido do título do quadrinho). Chico, como a maioria das crianças, está mais interessado em prazeres gastronômicos, no caso, um bolo de fubá fresquinho. Desse modo, ele inventa uma desculpa qualquer para poder ir comer, com a promessa de que no outro dia ele voltaria para olhar o ipê. O dia seguinte chega e ao ir cumprir sua promessa, o garoto percebe que a árvore já não possui mais flores, ou seja, ele perdeu a única oportunidade em muito tempo de ter um momento especial com sua avó.

Mas esse é só o início do drama de Chico, pois a Vó Dita adoece.

 

A partir desse contratempo, Orlandeli traz reflexões pertinentes sobre como às vezes pagamos o preço por dizer não às coisas. Mas, além disso, o texto também trata como os ensinamentos só podem ocorrer conforme a vida acontece. Isso faz com que Chico seja quase um coadjuvante na própria história. Chega a ser tocante o grau de preocupação do menino com a condição enferma da avó. Essa e outras características como a bondade e a capacidade de reconhecer os próprios erros são virtudes que foram cultivadas pela própria Vó Dita, mostrando assim uma dinâmica de amor que se retroalimenta.

Dentro da abordagem intimista que propõe, Orlandeli tem seu momento mais ousado ao trazer, através de uma passagem insólita, mitos do folclore brasileiro como o Lobisomen, Saci e Curupira. Trata-se do auge da narrativa, que acaba por elevar Vó Dita a um patamar de “representante de todos os amores ancestrais”, como bem define a contracapa da edição assinada por Renato Teixeira.

Além do uso da Vó Dita, o autor não deixa de lançar mão dos outro personagens do universo do Chico Bento como Zé Lelé, Rosinha e o porquinho Torresmo. São boas participações que reforçam os ensinamentos da história.

Tocante, nostálgico e respeitoso, Chico Bento – Arvorada é uma leitura obrigatória para os fãs da Turma da Mônica, e a dica de leitura perfeita para aquecer o coração de qualquer pessoa.