Há cerca de uma década, Alan Moore argumentou que o entusiasmo excessivo dos adultos por filmes de super-heróis poderia indicar uma imaturidade emocional, com potenciais implicações políticas e sociais preocupantes.
Em recente entrevista ao The Guardian, Moore comenta que não foi desmentido pela reação raivosa dos fãs. “Acredito que o fandom é uma parte vital da cultura contemporânea… e, ao mesmo tempo, uma praga grotesca que envenena a sociedade com suas obsessões mesquinhas”, começa.
Moore compartilha que, quando jovem, o termo “fan” ainda estava vinculado à ideia de “fanático”. Aos 14 anos, Moore se tornou um fã de quadrinhos e lembra das primeiras convenções, onde a comunidade era composta por poucos adolescentes apaixonados pelo meio e pela inovação, sem a influência comercial de hoje. Em contraste, ele observa que o fandom moderno é dominado por fãs mais velhos e ricos, e um sentimento de “privilégio e direito”, criticando a tendência de adoração exagerada de criadores e a agressividade no comportamento dos fãs, que “sentem que deveriam ser os únicos árbitros de seu passatempo”.
Para ele, enquanto alguns fandoms são saudáveis, outros são “estridentes e presunçosos” e têm influência negativa sobre a sociedade, como visto em movimentos como Gamergate e Comicsgate. Ele observa que o cenário político atual reflete esse espírito, onde eleitores de Donald Trump e Boris Johnson se mostram menos interessados em políticas e mais em “quanto gostaram das atuações”. Por fim, Moore conclui que gostar de algo de forma saudável é aceitável, mas fanatismo tóxico prejudica tanto a sociedade quanto o próprio entretenimento.
Alan Moore é uma figura proeminente no cenário da cultura pop mundial. De viés esquerda, Moore divulgou uma carta em apoio ao Lula, durante a campanha presidencial em 2022.
via The Guardian.