A terceira edição do festival literário de rua A Feira do Livro começa no sábado, 29 de junho, e vai até o domingo, 7 de julho, com novidades no formato e na programação: mais dias, mais palcos e mais autores convidados.
O propósito segue o mesmo: ocupar o espaço público — uma área de 15 mil metros quadrados, normalmente usada como estacionamento — com livros, autores, leitores e atividades ligadas ao livro e à leitura. A programação oficial inclui destaques da literatura, das artes e do pensamento, brasileiros e internacionais, em bate-papos gratuitos, que serão compartilhados posteriormente no canal do festival literário paulistano do YouTube.
A realização é da Associação Quatro Cinco Um, organização sem fins lucrativos voltada para a difusão do livro no país, da Maré Produções, empresa especializada em exposições e feiras culturais, e do Ministério da Cultura, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. O patrocínio é do Instituto CCR, do Itaú Unibanco e Rede, também por meio da Lei de Incentivo à Cultura, da TV Brasil e da Rádio Nacional de São Paulo.
Durante os nove dias do festival literário paulistano, que acontece na praça Charles Miller, em São Paulo, cerca de 150 expositores — editoras, livrarias, instituições ligadas ao livro e à leitura — vão levar a sua produção para a praça pública. Oficinas sobre a cultura do livro, programações especiais para professores e doação de livros para bibliotecas escolares e comunitárias também integram a programação oficial. A praça Charles Miller fica em frente à Mercado Livre Arena Pacaembu, patrimônio histórico que já recebeu clássicos do futebol e grandes manifestações populares.
Ao passar de cinco para nove dias de duração, A Feira do Livro terá dois fins de semana inteiros de atividades. Ao longos ds cinco dias úteis de Feira do Livro, de 1º a 5 de julho — que coincidem com a primeira semana de férias nas escolas particulares e com a última semana de aulas na rede pública de São Paulo —, além dos debates com autores de temas variados haverá programações especiais sobre livro, leitura e bibliotecas e debates voltados para a educação.
Além de mais dias, A Feira do Livro terá três novos palcos, onde vão funcionar os Tablados Literários — espaços menores, para debates e sessões de autógrafos programados pelos expositores. Eles vão ficar espalhados pela praça, inaugurando a programação paralela do festival literário paulistano.
A arquitetura d’A Feira do Livro, com direção do arquiteto Álvaro Razuk, da Maré Produções, é composta ainda por tendas onde editoras, livrarias e instituições ligadas ao livro e à leitura expõem a sua produção e promovem o contato do público com autores, editores e outros profissionais do livro. Uma área de alimentação reúne restaurantes paulistanos de diferentes perfis.
Programação oficial
Os autores da programação oficial vão se apresentar em dois palcos maiores, ambos com acesso totalmente liberado — o Auditório Armando Nogueira, no Museu do Futebol, parceiro d’A Feira do Livro, e o Palco da Praça, montado no meio da rua.
Os cerca de 150 convidados vão participar de conversas sobre uma extensa gama de temas: literatura, língua portuguesa, música, cultura afro-brasileira, antropologia, ciências, psicanálise, história do Brasil, poesia, alimentação, artes visuais, ilustração, humor, diplomacia, cultura, meio ambiente, tradução literária, educação, jornalismo e outros assuntos de destaque no debate público. Após as conversas, os autores assinarão livros na livraria oficial, a Tenda de Autógrafos Dois Pontos.
A literatura brasileira é um dos principais núcleos da programação do festival literário paulistano, com representantes de diferentes regiões do país — Brasília, Santa Catarina, Ceará, Paraná, Roraima, Rio de Janeiro, Pernambuco, Minas Gerais. Os consagrados Ivan Angelo, Reinaldo Moraes e Maria Adelaide Amaral são destaques da programação de ficção.
Stênio Gardel, vencedor do National Book Award nos Estados Unidos, está no primeiro dia do festival literário. Tatiana Salem Levy, José Henrique Bortoluci, Adelaide Ivánova, Gregorio Duvivier, Bruna Beber, Mar Becker, Julia de Souza, Eliana Alves Cruz, Nara Vidal, Odorico Leal, Joca Reiners Terron, Caetano W. Galindo e Pablo L.C. Casella compõem um grupo representativo da nova geração literária brasileira.
As mesas de Nara Vidal e Caetano W. Galindo serão veiculadas no programa Trilha de Letras, que a escritora carioca Eliana Alves Cruz apresenta na TV Brasil. Já a mesa de Lilia Guerra será transmitida pela Rádio Eldorado FM, como programa de encerramento da segunda temporada do Clube do Livro Eldorado, conduzido por Roberta Martinelli.
Os autores paulistanos também têm forte presença na programação do festival, com representantes das múltiplas cenas literárias da cidade: os romancistas Marcelo Rubens Paiva, Lilia Guerra, Reinaldo Moraes e Natalia Timerman, a contista Iara Biderman, a crítica literária Eliane Robert Moraes, os poetas Sérgio Vaz e Mel Duarte.
Também estão convidados a cozinheira e escritora Rita Lobo, o professor de direito Renan Quinalha, o ex-jogador de futebol e comentarista esportivo Walter Casagrande, o ativista Rodrigo Hübner Mendes, o cantor e compositor Nando Reis (cuja conversa com Roberta Martinelli também será transmitida pela Rádio Eldorado FM), além da artista Lenora de Barros. Lenora participa de mesa realizada em parceria com a feira de arte ArPa e foi convidada pelo diretor de arte Álvaro Razuk para conceber o espaço instagramável d’A Feira do Livro, onde o público poderá posar para selfies.
Uma mesa com autores gaúchos, mediada por Titi Müller, fará uma homenagem a Porto Alegre, cidade-sede de uma feira literária que é inspiração para a criação de sua irmã paulistana e que desde maio sofre com os efeitos das enchentes. A Feira do Livro também promove, em correalização com a Redelê, que reúne professores de todo o país, uma ação de doação de livros para recompor acervos de bibliotecas comunitárias e escolares do Rio Grande do Sul.
Mesas de não ficção de temas variados trazem um panorama eclético da produção editorial recente: diplomacia, com Rubens Ricupero, que lança suas memórias n’A Feira do Livro, o sambista Martinho da Vila, que tem um novo livro autobiográfico, o linguista Marcos Bagno, o matemático Marcelo Viana e o psicanalista Christian Dunker.
A história é outro núcleo forte: mesas sobre os 60 anos do golpe militar de 1964, a diáspora negra no Atlântico, a escravidão nas Américas, a vida do abolicionista André Rebouças, a história da Europa, o século 20, as origens da raça humana nas Américas, a história da língua portuguesa e até mesmo a história da matemática.
A antiguana Jamaica Kincaid é um dos principais destaques na programação do festival literário paulistano. Entre os autores internacionais, a curadoria põe A Feira do Livro em forte diálogo com o debate literário argentino: Camila Sosa Villada, Betina González, Claudia Piñeiro, Michel Nieva e Camila Fabbri.
O historiador e deputado português Rui Tavares faz a necessária ponte com Portugal. Dos Estados Unidos vêm o historiador Henry Louis Gates Jr., o historiador James Green, ativista dos direitos LGBT+, e o romancista Jabari Asim.
Programação especial
Durante a semana, de 1º a 5 de julho, A Feira do Livro traz uma programação especial voltada para professores e educadores. Com o título Praça de Aula, sempre às 15h, essa faixa apresenta debates sobre racismo e antirracismo nas escolas, crise climática e racismo ambiental, saberes indígenas e quilombolas na sala de aula, a história do Brasil e da língua portuguesa. Também nos dias de semana, às 16h30, será realizado um Seminário sobre Livros, Leitura, Literatura e Bibliotecas, com curadoria de Dianne Melo e Patricia Auerbach.
A curadoria do festival é feita pela equipe da Associação Quatro Cinco Um, sob coordenação do diretor-geral Paulo Werneck, a partir de sugestões dos expositores e de interlocutores d’A Feira do Livro. Os colunistas da revista Quatro Cinco Um Renan Quinalha (Livros e Livres), Juliana Borges (Perspectiva Amefricana), Paulo Roberto Pires (Crítica Cultural) e Fernando Luna (The Emoji Review) fazem a mediação e a curadoria de mesas ligadas a seus temas de interesse.
Doação de livros para o RS
A ação de coleta de livros para doação visa recompor os acervos de bibliotecas escolares e comunitárias do Rio Grande do Sul atingidas pelas enchentes que devastaram o estado em maio. A iniciativa foi idealizada por profissionais do mercado editorial e pela comunidade de professores Redelê, em parceria com a Associação Quatro Cinco Um, e tem a meta de coletar e distribuir pelo menos 40 mil exemplares.
Nas duas tendas de coleta d’A Feira do Livro, bibliotecários farão a triagem dos livros doados por pessoas físicas e jurídicas. A organização vai aceitar exemplares de literatura, literatura infantil e juvenil, quadrinhos e gibis novos e usados, desde que em bom estado.
A ação de doação é realizada pela Redelê e pela Associação Quatro Cinco Um, com patrocínio das editoras Fósforo e Todavia e apoio de Fundação Itaú, Klabin e Beyond.
Isenção para editoras periféricas
Como parte de sua política de estímulo à bibliodiversidade, A Feira do Livro oferece, com apoio do Instituto Ibirapitanga, isenção da taxa de participação de expositores para editoras periféricas, de proprietários negros, quilombolas, indígenas, ou sem fins lucrativos. Serão beneficiadas as editoras: Quilombhoje, Flores de Baobá, Kitembo, Ananse, Malê, ISA – Instituto Socioambiental, LiteraRUA e a CPL – Câmara Periférica do Livro.