Chrono Trigger | Franquias esquecidas nos confins do cosmo

Em uma tarde de domingo nos deparamos, em meio a milhares de fitas da minha prima (dona do Super Nintendo), com um jogo que nunca havíamos experimentado, Chrono Trigger. E que pecado aquele jogo estar ali esquecido no meio de tanta tralha! Logo no começo já fico encantado com a música e o jeito do personagem principal que me lembrava muito a franquia de Dragon Ball e eu não estava errado, pois Akira Toriyama foi um dos projetistas dessa maravilha.

Chrono Trigger é uma obra prima, disso muitos já estão cansados de saber, trata-se de um daqueles jogos que influenciam uma geração e várias mídias futuras como a Square. Mas, ele é um dos poucos jogos que são bons do começo ao fim, principalmente pelo jeito que é utilizado as diversas viagens no tempo e como qualquer mudança no passado influenciam os vários e vários futuros. É de cair o queixo.

Ele não exige nem uma espécie de grinding. Apenas acompanhar a história e derrotar os inimigos que lhe atrapalham de prosseguir já e o suficiente para terminar o jogo, o que deixa o jogador atento e incentivado a não parar de jogar até chegar à conclusão dessa história sofrida de Chrono e seus amigos.

E por falar em Chrono e seus amigos, temos sim que destacar os coadjuvantes dessa história, pois demorou muito até que eu me pegasse jogando algo que tivesse personagens tão bens escritos como aqui (Só fui encontrar isso novamente em Final Fantasy 9 MUITO tempo depois).

Um elenco pequeno de personagens, mas incrivelmente importantes: Lucca a cientista carismática, aquela amiga que nunca lhe dá as costas. Incrível como nessa época a visão de mulheres fortes e independentes já era constantemente explorada, não só em Lucca mas como nas demais personagens, fugindo do estereótipo da donzela em perigo.

Depois temos Marle, a princesa rebelde. Ela é a causa e a solução dos problemas do grupo, sendo uma garota totalmente contra aos padrões impostos por ter nascido princesa e que resolve se aventurar longe da realeza. Outra personagem incrível, que a princípio parece só uma menina mimada, mas logo mostra o quão incrível ela realmente é com o passar do tempo.

Depois temos Frog, talvez o personagem mais complexo e com um plot digno de tragédias gregas. Ele é um cavaleiro amaldiçoado a viver como uma aberração, com uma história terrível por traz de sua pele verde gosmenta. Frog é aquele tipo de personagem que encanta pelos mistérios e quando a história do mesmo se desenvolve não tem como não amar esse honrado cavaleiro e sua história trágica.

Além destes, também temos Robo, um robô construído para ajudar a humanidade e que carrega consigo sentimentos humanos, enigmático a anti-herói Magnus (o vilão que não é tão vilão assim) e Ayla, uma forte e destemida guerreira pré-histórica.

Chrono Trigger teve uma continuação para Playstation One, Chrono Cross, que apesar de ter lá seu desligamento com a história do seu sucessor conseguiu sucesso, mas depois disso a franquia ficou apenas em remakes para os novos consoles, nada mais se foi falado nem prometido (como o remake de Final Fantasy 7 que já estava no papel há muitas e muitas eras). É como se a Square não quisesse mexer nessa memória e devo dizer que também tenho medo disso, afinal é um daqueles jogos que ficam grudados na mente de quem joga não importa a época. Em compensação, há sempre motivos para revistá-lo pois existem alguns finais alternativos.

Chrono Trigger é até hoje um dos melhores jogos do gênero RPG e para alguns um dos melhores jogos feitos. Não há como negar que é um jogaço!