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Red Dead Redemption 2: a grande obra-prima da Rockstar Games | Crítica

Red Dead Redemption 2 é um convite para se desligar da vida e embarcar numa viagem ao mais ambicioso mundo virtual já criado

Este sem dúvida foi um ano espetacular para os gamers. Entre os títulos mais celebrados, dois se destacaram marcando presença em todas as listas de melhores de 2018. O primeiro, God of War, trouxe o retorno triunfal de Kratos, revigorando o personagem para uma nova geração. O segundo… O que dizer do segundo? O que dizer de Red Dead Redemption 2?! Muita coisa! Mas para empolgar de cara, o que posso antecipar é que o mais novo jogo da Rockstar é simplesmente uma das experiências mais sensacionais que a indústria dos games já produziu.

Também um retorno a uma franquia de sucesso, Red Dead Redemption 2 se passa na verdade antes do primeiro jogo. John Marston, protagonista do anterior, aqui é ainda um dos integrantes do bando de Dutch van der Linde. Mesmo tendo sua presença assegurada na narrativa, o personagem dá lugar a Arthur Morgan, que assume o protagonismo do game ambientado no Velho Oeste. Braço direito do carismático Dutch, Arthur esteve ao seu lado no passado e agora, ainda juntos, os dois tentam proteger o bando e sobreviver aos novos tempos, em que a Era de Ouro dos grandes foras-da-lei ficou para trás.

Detalhes que fazem a diferença

Nesse cenário, a Rockstar se superou criando um mapa assustadoramente gigante, com milhões de tarefas para se fazer, que vão desde seguir na campanha principal a viajar com seu cavalo aos pontos mais distantes caçando animais lendários. A grande sacada do jogo é não ter pressa e ativar seu faro de explorador. Indo na contramão de outros games com foco na ação, a proposta de Red Dead 2 é bem diferente, convidando o jogador a se sentir dentro daquele mundo que parece ter vida em cada canto.

O segredo para tamanha imersão está na complexidade do mundo criado. O exuberante gráfico, que muitas vezes se confunde com imagens reais, traz uma impressionante variedade de animais, que estão por toda a parte, assim como uma vegetação riquíssima que muda de uma região para outra. Outro elemento que chama muito a atenção são as mudanças climáticas, com chuvas, ventanias, névoas, neve e contemplativos dias ensolarados. Não é difícil você em meio a uma tarefa se pegar admirando um lindo horizonte com montanhas ao fundo e luzes contrastando toda a imagem com perfeição.

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Para interagir com esse mundo, Arthur precisa fazer suas escolhas. Mesmo sendo um criminoso, você possui seu medidor de honra e todas as suas atitudes vão influenciar sua vida no game. Assim, você tem a opção de cumprimentar os NPCs – personagens não jogáveis – que passam por perto, ganhando pontos por isso, ou confrontá-los, correndo o risco de ser denunciado e perseguido por caçadores de recompensa que não esquecerão seu rosto tão cedo. Da mesma forma, a relação com seu cavalo pode evoluir, permitindo que você estabeleça um vínculo maior com ele e o conduza com mais facilidade. Para isso, é importante alimentá-lo, afagá-lo e, sempre que possível, dar uma escovada em sua pelagem, o que contribui também para o desempenho de seu fiel companheiro.

Para quem curte os clássicos filmes de Western, essa será uma experiência singular. Roubos a trem, banco, confrontos com bandos rivais, duelos de vida ou morte. A trama do jogo consegue explorar bem seu cardápio de possibilidades, encontrando espaço para tocar em temas como a luta das mulheres pelo voto e o preconceito racial. São enredos que podem se amarrar à trama principal ou serem apenas side quests que surgem na jornada e você tem a opção de dar atenção ou não.

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Na pele de Arthur

Falando mais sobre a riqueza com que a Rockstar trabalhou seu game, para garantir a sobrevivência de bando – e a sua própria –, Arthur precisa caçar, levar animais abatidos ao acampamento e, ainda, ajudar com doações do que adquiriu em suas andanças. Alimentar-se e dormir também é importante, assim como consumir tônicos que podem aprimorar seus Olhos da Morte – recurso que já existia no jogo anterior onde você deixa tudo em câmera lenta para marcar os oponentes que pretende matar.

Outro detalhe que parece bobo, mas contribui com a imersão é perceber que cabelos e barba de Arthur crescem com o tempo. E se você quiser que seus pelos faciais cresçam ainda mais, pode comprar em um dos armazéns espalhados pelo mapa um produto próprio para isso. Aliás, nesses mesmos armazéns você pode também comprar roupas e elas não só contribuem com seu visual, mas são importantes dependendo do lugar em que se encontrar. Caso esteja em uma região muito gelada, é recomendado que ande bem agasalhado ou sofrerá com frio e comprometerá sua energia. Assim como é bom estar atento para andar com roupas mais leves em regiões mais quentes.

Um mundo aberto inovador

Os diálogos também ganham destaque. E nem todos têm necessariamente o propósito de fazer a história caminhar. Pode acontecer de você puxar conversa com um companheiro do bando, acreditando que dali sairá uma missão, e de repente ver apenas Arthur desabafando sobre a mudança dos tempos e sua inquietação de não saber onde se encaixa no meio disso tudo. São detalhes assim que mostram o quanto a Rockstar estava preocupada em entregar algo fora da curva.

Red Dead 2 é um jogo colossal. Os oito anos de desenvolvimento que a empresa criadora de GTA levou para dar vida ao game mostram que a demora valeu muito a pena. E está enganado quem acha que, por repetir o formato de mundo aberto que conhecemos, ele não é inovador. Acompanhando a evolução gráfica da atual geração, sua inovação está em criar um mundo extremamente complexo, adicionando diversas sutilezas que contribuem para uma imersão bem mais profunda.

Game over para a vida social

Seu game over para a vida social está decretado. Se você pretende aventurar-se com Arthur Morgan na vida selvagem do Velho Oeste, prepare-se para dedicar bastante tempo ao game. São cerca de 60 horas que levará apenas nas missões principais, e mais um bocado de tempo se somar com as secundárias. Sem contar com o modo online, que também reserva muitas horas de jogatina. Mas posso afirmar: a empreitada vale cada minuto. Se RDR2 não foi eleito o jogo do ano, pouco importa. No meu coração ele é. E pode ter certeza que mais à frente essa obra-prima será sempre lembrada como mais um divisor de águas no mundo dos games.