Mafia: Definitive Edition

Fiquei bem surpreso quando a 2K anunciou o remake do primeiro jogo Mafia. O terceiro da franquia não foi muito bem de críticas e parecia que ninguém estava pedindo esse remake em particular. Felizmente, me diverti bastante com essa experiência fiel de quando os jogos eram mais simples.

De que se trata Mafia: Definitive Edition

Mafia: Definitive Edition conta a história de Tommy Angelo, um taxista da cidade de Lost Heaven (uma versão de Chicago) que acaba entrando para a máfia. O personagem começa a trabalhar para Don Salieri junto com seus amigos Sam e Paulie. No começo, vemos Tommy conversando com um policial e contando a sua história. Por causa disso, logo de cara sabemos que as coisas não terminam bem.

A história e a narrativa são o ponto alto de Mafia, as cutscenes são muito bem dirigidas e muito bem atuadas. Existem momentos com ação um pouco exageradas para filmes de máfia mas também momentos intimistas com diálogos competentes. Nesses momentos podemos perceber algumas nuances da atuação e expressão dos personagens, sempre guiados por uma ótima trilha sonora que estabelece o tom das cenas. Temos que ligar a suspensão de descrença em alguns momentos e lembrar que isso ainda é um videogame de tiro em que você mata hordas de inimigos.

É lógico que existem vários clichês de filmes do gênero e algumas falhas na narrativa. As principais são a falta de um desenvolvimento maior da família de Tommy. Me parece estranho um jogo que possui a “família” como temática falha nesse momento, ficando difícil se importar com personagens que mal aparecem. O final também é um pouco apressado demais. Do nada, ao final de uma missão, eu percebi que era a missão final e os acontecimentos vão se desenrolando rápido demais. Mas mesmo com esses problemas, é muito fácil se importar com a história de Tommy e ficar envolvido nessa narrativa sobre família, lealdade e amizade.

Jogabilidade Retrô

Quando falamos de gameplay, vemos alguns problemas a mais. O combate não faz nada de especial e consiste naquele arroz com feijão gostoso. Os controles podem ficar meio bagunçados às vezes e bugs são mais constantes do que deveriam, mostrando que faltou polimento. Mas, quando essas situações não acontecem, os tiroteios e perseguições são divertidos e até bem desafiadores dependendo da dificuldade escolhida.

Uma crítica que sempre tive à série Mafia é a incapacidade de criar um mundo aberto significativo. Lógico que a cidade é super bem detalhada e imersiva, mas acaba sendo somente um labirinto para você ir do ponto A ao ponto B se preocupando em não fazer nenhuma cagada pra não ser perseguido pela polícia. Contudo, me parece um pouco desperdício de recursos criar uma cidade de mundo aberto tão grande que você não pode explorar durante a campanha. É muito legal dirigir pela cidade, escutado o rádio ou conversando com amigos quando está em uma missão. Mas fico me perguntando o por quê de fazer um mundo enorme se o acesso a ele é limitado.

Lógico que eu reconheço a dedicação da 2K em fazer um jogo bem fiel ao original de uma época quer os jogos não eram abarrotados de coisas para fazer. Existe um prazer em sentar a bunda na cadeira e jogar uma experiência linear sem a preocupação de fazer 300 side missions sem objetivo concreto no mapa (que foi a falha de Mafia 3). Dessa forma, acho que ajudaria muito mais na imersão se o jogo lhe desse algumas atividades para fazer na cidade. Isso poderia servir inclusive para desenvolver melhor alguns personagens e narrativas.

Veredito

Mafia: Definitive Edition é uma experiência retrô que acrescenta muito ao material original com melhorias técnicas e atualizações na história baseadas nos jogos futuros. A imersão e narrativa são os pontos altos que servem como recompensa depois das missões. O gameplay faz o seu trabalho quando não está bugado e as missões possuem uma variedade e criatividade interessantes, bem como cenários variados para os tiroteios. O jogo termina de supetão, deixando um gostinho de quero mais. A adição de um mundo aberto mais significativo poderia ter estendido um pouco mais essa experiência e ajudado na imersão. Dito isso, espero que lancem uma versão assim de Mafia 2, pois a sequência possui um mundo aberto mais funcional e imersivo.