GUTS | Crítica

Gory Ultimate Tournament Show, ou GUTS, é o tipo de jogo para juntar a galera em um fim de semana a noite e ir revesando as lutas com uma boa cerveja do lado

O mercado de jogos brasileiro ainda está andando devagar, mas felizmente segue à frente com mais e mais empresas surgindo e conseguindo lançar seus jogos. O mais novo que ganhou os holofotes e teve seu lançamento em novembro foi GUTS. O jogo de luta da Flux Game Studio traz um gameplay inovador onde os personagens vão perdendo seus membros durante a luta em um combate sangrento cheio de humor negro.

GUTS (Gory Ultimate Tournament Show) é um reality show que se passa em 2067 onde o objetivo é desmembrar seus oponentes até a morte em arenas super violentas para conseguir a fama total (não muito diferente de outros reality shows). Como todo jogo de luta, cada personagem possui sua personalidade única e suas aspirações.

Gostaria de começar essa análise falando do principal em um jogo de luta e onde GUTS mais acerta: o gameplay. O jogo traz a inovação de uma luta onde não existe barra de vida, seu objetivo é arrancar membro por membro do seu oponente até que ele vire um cotoco ambulante. O sistema do jogo é bem interessante, quando você acerta o inimigo com golpes comuns, você ganha pontos em uma barra GUTS, quando essa barra está no limite, você pode soltar um especial que vai desmembrar seu oponente. Quando o personagem não tem mais os 4 membros e leva um GUTS, ele perde.

Só essa jogabilidade simples já é bem interessante, mas o jogo traz umas decisões estratégicas que me deixaram surpreso. Cada personagem tem 4 especiais GUTS, um para cada membro do corpo. Ao usar o especial, você pode escolher qual membro arrancar do personagem, isso fará com que os golpes dele com aquele membro fiquem mais simples, bem como seu especial. Além disso existem armadilhas no cenário que podem desmembrar os personagens, no melhor estilo Smash Bros.

Outra feature do jogo são os U-moves. Um tipo de movimentos especiais que você pode usar gastando uma barra específica. Dentre esses movimentos estão se curar, atirar membros que estão no chão no seu oponente ou se esquivar. Essas escolham tornam a partida mais dinâmica e ainda mais estratégica.

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Todas essas escolhas de game design tornam GUTS um jogo divertido e difícil de masterizar, pois existem muitas estratégias e decisões na luta. Pode parecer que o jogo fique super complexo enquanto eu falo isso ( eu demorei algumas partidas pra entender todas as mecânicas ), mas com pouco tempo você começa a entender quais os melhores golpes e o tempo certo para usar cada um. O legal é ir descobrindo enquanto joga com seus amigos.

A comédia é um dos pontos fortes do jogo, utilizando de um humor bem South Park, GUTS traz os personagens mais absurdos que você pode imaginar para um jogo: Um padre marombeiro, um produtor de filmes pornô que luta kung-fu, uma artista japonesa que pinta com sangue e outras bizarrices. O destaque para nós brasileiros vai para Anitta, uma androide maligna que usa uma péssima fantasia de humana brasileira. A personagem é a única que tem algumas falas em português com ataques como “Bebeto” e “Olha a chinela”, tudo isso usando uma voz de robô mulher do Google, eu me peguei gargalhando em alguns momento que joguei com ela. Apesar dessa personagem ser muito divertida para nós brasileiros, pessoas de outros países não vão entender 90% das referências dela.

Está certo que o jogo brinca com estereótipos e piadas de humor negro. A grande maioria delas funciona muito bem, mas não pode ser aceito um jogo em 2017 que traz uma personagem gorda e a resume a uma glutona que come hambúrguer durante a luta. Esses estereótipos com minorias poderiam ter ficado lá para trás, mas fora esse caso não vi mais problemas sérios.

Apesar do narrador do jogo ser um pouco irritante, as vozes do jogo como um todo estão bem competentes, cada personagem possui vozes e sotaque diferenciados, com uma boa gama de falas diferentes. Além disso, existem falas específicas do narrador para embates entre personagens, falando um pouco mais de cada um, seja durante a história ou no PVP. As músicas do jogo fazem seu trabalho bem, viajando por batidas mais rock e outras mais animadas.

É uma pena que todo esse ótimo trabalho de som esteja ligado a uma arte que deixa muito a desejar. Alguns personagens tem um  character design bem criativo, mas senti que falta carisma na maioria deles. A qualidade da arte, seja com pinturas nas splash pages da história, ou até mesmo nos modelos 3D dos personagens poderia ser bem melhor. Apesar do jogo ter um gameplay bem sólido, as animações soam meio robóticas e travadas demais. Me dá a impressão que o jogo se preocupou muito com o gameplay e comédia, mas que a arte como um todo ficou de escanteio.

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GUTS é um jogo super divertido para jogar solo mas principalmente multiplayer, é o tipo de jogo para juntar a galera em um fim de semana a noite e ir revesando as lutas com uma boa cerveja do lado. As possibilidades são muitas e o humor negro funciona na maior parte das vezes. É muito bom ver um jogo brasileiro com um gameplay tão sólido e bem feito, deixando a desejar somente na arte e algumas piadas que já estão ultrapassadas.  Espero que o jogo faça sucesso e tenha mais personagens e cenários no futuro.

GUTS está disponível em diversas plataformas online para PC, incluindo Steam (por R$36,90) e Nuuvem (por enquanto ele está de promoção custando somente R$29,49). Você pode saber mais do jogo na sua página oficial.