Testamos Born of Bread, o RPG inspirado em Paper Mario que está saindo do forno

Nos anos de 1990, a propaganda dizia que “a Sega fazia o que a Nintendo não fazia”. Hoje, sem qualquer marketing, é evidente que times indies estão desempenhando um papel fundamental ao resgatar a magia do passado, trazendo de volta jogos que a Big N decidiu negligenciar e esquecer por décadas. Born of Bread, novo título da desenvolvedora franco-canadense WildArts Inc., me chamou a atenção desde seu primeiro anúncio por acalmar meu coraçãozinho fã de Paper Mario, muito antes até do próprio bigodudo resolver voltar aos seus tempos de glória. O CosmoNerd teve acesso a uma versão exclusiva de prévia do jogo para testar essa aventura que ainda está saindo do forno.

A aventura de Born of Bread segue Loaf, um golem de farinha que foi magicamente assado pelo cozinheiro real em uma noite complicada, na sua missão de salvar o reino de criaturas malignas do passado. Vale dizer que, por mais que a inspiração em Paper Mario seja clara, o mundo do nosso pãozinho é completamente original e muito carismático. Tanto no design dos personagens quanto nos diálogos das poucas horas que joguei, e fiquei ainda mais curioso para conhecer mais sobre essa história e essas criaturas.

Dito isso, e com todo o respeito a um time independente que não tem nem metade do orçamento de uma das maiores empresas do ramo, é difícil não comparar Born of Bread com o encanador de papel, principalmente na amada continuação para o GameCube, Paper Mario: The Thousand-Year Door. É fácil traçar vários paralelos entre os dois jogos, incluindo sua estrutura principal: uma exploração em um pequeno mundo 3D (mas com personagens em 2D), com batalhas por turnos ao tocar inimigos em tela e se utilizando de simples minigames de ação para atacar e se defender.

No geral, o time da WildArts parece ter acertado em cheio com sua versão dessa proposta. Os ataques são interessantes, com minigames fáceis de entender, mas que ainda precisam de atenção — um inventário de equipamentos para Loaf, que funciona como um pequeno puzzle de Tetris, também é um diferencial na hora de escolher o que levar para os duelos. A adição de tipos de ataques, que podem ser mais fortes ou fracos a certos inimigos, adiciona complexidade a um sistema simples e faz você pensar melhor em como usar todo o seu arsenal.

Provavelmente por ter jogado apenas as primeiras áreas, não achei a exploração do mundo tão interessante quanto as batalhas. É possível achar alguns segredos escondidos e puzzles aqui e acolá, mas o jogo é bem direto sobre onde você deve ir e como chegar em cada lugar. As habilidades dos personagens nos mapas ajudam a encontrar mais segredos, mas algumas delas já começam com pontos de ação bem determinados (quase como uma chave-e-fechadura) — eu gostaria de mais espaço para experimentação, no entanto, ele funciona.

Nem todas as novas ideias acertam em Born of Bread. De todas as mecânicas, a que menos entendi a função (e a implementação) foi o live chat. Dentro do jogo, suas batalhas são transmitidas ao vivo pela internet, e o público pode fazer comentários e enviar reações — chegando a carregar pontos de ataque caso gostem da sua performance. Foi uma pena que quem me assistiu provavelmente me odiou, porque toda vez que eu usava qualquer ataque que não fossem os mais fracos, a audiência (e os bônus) despencavam. Isso, somado ao sistema de fraquezas que citei anteriormente e o fato de que minhas habilidades mais fortes eram as únicas do tipo certo… Ignorei o chat por quase todo meu tempo na demo.

Apesar dos problemas, Born of Bread foi como um sonho recheado com creme de esperança. Depois de tantos jogos que pareciam não entender o que fazia Paper Mario” especial é bom ver pessoas se inspirando na fórmula dele para criar experiências completamente novas. Foram apenas poucas horas — e só o comecinho da história de Loaf e seus amigos —, mas fiquei animado para continuar minha aventura. Espero que esse tempo que ele ainda esteja no forno seja o suficiente para dourar as mecânicas, fazer crescer a diversão e lançar com aquele cheirinho de padaria que eu gosto muito. Por mais “Paper-RPGs” nesse mundo, e acho que vamos começar bem a lista.

Born of Bread sai ainda este ano para PC (via Steam), Nintendo Switch, Xbox Series e PlayStation 5. Fique ligado no CosmoNerd para a análise completa do título.

*Uma versão de prévia do jogo foi gentilmente cedida ao CosmoNerd pelo time de desenvolvimento para a produção deste texto.