The Post – A Guerra Secreta | Crítica

Filme de Steven Spielberg com ótimas atuações fala sobre liberdade de imprensa.

Existem alguns longas que saem no momento certo, pois eles tocam em temas que são relevantes naquele momento. The Post – A Guerra Secreta, apesar de ser um filme de época, não poderia ser mais atual. A ótima direção de Steven Spielberg, as boas atuações e o tema tratado fazem desse longa uma obrigação.

O filme, baseado em fatos, trata de um vazamento de informações confidenciais do Pentágono sobre a Guerra do Vietnã durante o governo de Richard Nixon. O longa mostra a luta do jornal Washington Post para conseguir estes documentos e decidir se vai publicá-los, pois a sua dona (Maryl Streep) decide lançar as ações do jornal na bolsa de valores e o seu editor-chefe (Tom Hanks) quer fazer do jornal mais relevante.

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É difícil falar do longa em poucas palavras pois o mesmo toca em diversos temas importantes, sendo o mais importante a liberdade de imprensa. Em tempos em que o maior líder mundial adora falar em “fake news” e governos mais fascistas surgindo a todo momento, esse filme mostra o poder que a mídia pode ter em expor as verdades. O filme também mostra o quão é difícil você ser um meio imparcial na nossa sociedade, o jornal não é um órgão isolado, os seus donos e acionistas possuem conexões na política e na sociedade que podem não gostar do seu tom. Isso sempre foi um grande problema para a liberdade da imprensa.

Mas as questões do filme não param por aí, eu considero que a personagem principal do filme seja a da Meryl Streep. Ela é uma mulher dona de um jornal em uma época que as mulheres tinham até menos direitos do que hoje. Ela então precisa se impor e tomar decisões difíceis tentando balancear a honra do jornal enquanto tenta agradar os novos acionistas que vão “salvar” o jornal. Essa personagem torna-se ainda mais interessante por causa da fantástica atuação de Meryl Streep, apesar de ser uma mulher forte em uma posição grande, conseguimos ver as suas vaciladas na hora de falar e até em um tremelique das mãos. Ela é uma mulher que está acostumada a ser colocada “no seu lugar” e isso acabou deixando-a mais introspectiva, nos poucos e emocionantes momentos que ela se impõe, podemos ver que a personagem está fazendo um esforço enorme.

Tom Hanks entrega uma atuação que faz o feijão com arroz com o seu personagem canastra. Ele representa todo o romantismo da profissão de jornalista, apesar de ter alguns métodos não-ortodoxos em certos momentos. Por falar em romantismo, esse é o típico filme que deve ser passado no primeiro semestre da faculdade de jornalismo, para empolgar os alunos. Temos também um papel de destaque e uma boa atuação de Bob Odenkirk, o Saul Goodman de Breaking Bad.

Em questões técnicas o filme é excelente. Spielberg sabe dirigir um thriller como ninguém e consegue criar tensão em cenas com simples diálogos. Existe uma cena em que há tipo uma conferência de telefone com corte precisos para cada personagem e você entende o que cada um tem para falar, além de uma tensão crescente. Não é uma história simples, mas o diretor consegue expor todas as questões envolvidas e você entende o que está em jogo. Por ser um filme mais focado em diálogos, é importante que exista uma câmera mais dinâmica, e é isso que o diretor faz aqui. Tal como o processo de produzir um jornal, a câmera do filme utiliza de planos sequência para passar por vários locais e representar essa complexidade e sequência industrial da profissão.

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The Post – A Guerra Secreta é um ótimo longa que mostra a importância da liberdade de imprensa e a dificuldade de ser um órgão independente e livre na nossa sociedade em que o dinheiro manda. Além disso, o filme ainda aborda temas como machismo e irresponsabilidade dos governos. É muita coisa para pouco filme, mas Spielberg consegue entregar uma história concisa e bem dirigida, apesar das breguices conhecidas do diretor. Muito recomendado e uma das figurinhas que veremos no Oscar, com certeza.