O amor de Vin Diesel pelo RPG em O Último Caçador de Bruxas

Chega uma fase na vida em que devemos escolher um caminho. Fazer uma faculdade – ou não – e escolher que profissão seguir, talvez, pelo resto da vida. Seguindo o caminho mecanizado e pré-fabricado para nós pelas gerações passadas. Mas a grande é verdade é todos querem poder viver daquilo que mais amam. Um executivo engravatado pode sonhar em ser um astro da música. Uma advogada pode sonhar em ver seu livro publicado algum dia. Correr atrás desses sonhos é o que nos define e motiva. E depois de assistir O Último Caçador de Bruxas, tenho que confessar que preciso parar de dar desculpas para correr atrás do que quero. Vin Diesel me deu uma grande aula sobre como viver do que se ama.

Quem vê o ator com cara de mau talvez nem imagina que por trás da pilha de músculos existe um nerd do tipo hardcore. Sua paixão por carros é o que sustenta a rentável franquia Velozes e Furiosos. E sua paixão ainda maior por Dungeons & Dragons foi responsável por dar vida ao Último Caçador de Bruxas, filme que está em cartaz nos cinemas nacionais faz um tempinho. Sério, é impossível assistir e não se imaginar numa jogatina de sábado a tarde com os amigos. A trama, os personagens, os termos, a ambientação, as armas e etc. Tudo exala RPG e toca fundo naquela saudade de tempos mais simples e menos corridos.

Amaldiçoado com a imortalidade, o caçador de bruxas Kaulder (Vin Diesel) é obrigado a enfrentar mais uma vez sua maior inimiga e unir forças com a jovem bruxa Chloe (Rose Leslie) para impedir que uma convenção espalhe uma terrível praga pela cidade. Sério cara, imagine agora o mestre te passando essa sinopse. Você com a ficha e os dados na mão, imaginando todas as aventuras mortais que estão por vir. Criaturas malignas para ganhar XP, desafios quase impossíveis de serem completados. Tudo que faz o sangue ferver e adrenalina disparar está presente em O Último Caçador de Bruxas. Tem até um momento em que Kaulder comenta por alto o nível de um dos seres do filme. Fazendo aquele tipo “você não está pronto pra isso, precisa upar um pouco mais”. Genial!

A ideia do filme saiu justamente quando Vin Diesel conheceu outro grande fã de D&D, o roteirista Cory Goodman. Cory pegou um antigo personagem que Diesel usava nas partidas e construiu a história a partir dele. A pegada de colocar um caçador do passado nos tempos modernos pode parecer clichê e ainda bem que é assim. Sem tentar rebuscar demais, O Último Caçador de Bruxas consegue captar bem o espírito do jogo que serve de inspiração.

Essa paixão por RPG guiou boa parte da carreira de Vin Diesel até hoje. Ele sempre deixou claro que em certos filmes procura colocar seu lado de jogador em ação, buscando sempre interpretar o melhor possível de seu personagem. E que tudo isso nasce ainda em reuniões de roteiro e tudo mais. Mano, ele monta ficha e depois parte pra aventura. Mais RPG que isso, impossível. E fica claro o quanto Vin Diesel estava se sentindo bem em trabalhar no longa. Tudo ao redor dele era perfeitamente familiar. Até eu arriscaria uma ponta, só pelo prazer de jogar na “vida real”.

A qualidade geral de O Último Caçador de Bruxas pode ser até questionável, mas isso é o de menos. O cinema ainda é diversão, assim como jogar RPG também deve ser divertido. Ninguém esperava a melhor aventura de todas, porque todo aquele clima já era totalmente incrível. Então pegue papel, caneta e seus dados. Vin Diesel está te esperando para desbravar um mundo mágico.