Tarsilinha, longa animado dirigido por Celia Catunda e Kiko Mistrorigo, mesmos criadores de Peixonauta e O Show da Luna!, chega às salas de cinema do país no dia 17 de março. Com elementos das culturas nativas indígena, africana e dos colonizadores portugueses, o longa traz personagens mágicos, saídos das lendas brasileiras e das obras visuais de Tarsila do Amaral, como o famoso Abaporu e outros quadros das fases pau brasil e antropofágica da artista mais conhecida das crianças em idade escolar.
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Segundo os diretores de Tarsilinha, que realizaram uma extensa pesquisa sobre a obra de Tarsila do Amaral, um dos quadros mais determinantes para a construção da história foi A CUCA, que propiciou a incorporação de personagens como o Saci, o Bicho Barrigudo e o Bicho Pássaro, além de outros elementos como os brincos, que estão no auto retrato da pintora.
Já obras como A FEIRA, EFCB (Estrada De Ferro Central Do Brasil) e SÃO PAULO (GAZO) inspiraram a criação de uma paisagem mais urbana no filme, que resulta numa sequência em que a personagem desloca-se por vários lugares da cidade e até dirige um carro, em sua aventura. Os traços e desenhos da animação seguem os traços da pintura de Tarsila.
Tarsila do Amaral nasceu em 1886, no interior do Estado de São Paulo. Estudou em São Paulo e depois em Barcelona, na Espanha, onde fez seu primeiro quadro, ‘Sagrado Coração de Jesus’, em 1904. Começou seus estudos em arte com escultura, com Zadig, passando a ter aulas de desenho e pintura no ateliê de Pedro Alexandrino em 1918, onde conheceu a pintora Anita Malfatti. Em 1920, foi estudar em Paris, onde ficou até junho de 1922. Teve conhecimento da Semana de Arte Moderna (que aconteceu em fevereiro de 1922) através das cartas da amiga Anita Malfatti.
Na sua volta ao Brasil, foi apresentada por Anita ao grupo modernista. Tarsila e o escritor Oswald de Andrade se envolveram amorosamente. Foi formado então o Grupo dos Cinco: Tarsila, Anita, Oswald, e os escritores Mário de Andrade e Menotti Del Picchia, que agitaram culturalmente São Paulo com reuniões, debates e conferências. Tarsila entrou em contato com a arte moderna em São Paulo, pois antes ela só havia feito estudos acadêmicos. Em dezembro de 22, voltou a Paris e em seguida Oswald foi encontrá-la.
Abaporu é o quadro de Tarsila do Amaral que simbolizou o Movimento Antropofágico, movimento este que propôs deglutir a cultura europeia e transformá-la em algo bem brasileiro. Outros exemplos de quadros desta fase antropofágica são: Sol Poente, A Lua, Cartão Postal, O Lago, Antropofagia.