Por Ricardo Ferrari
Não foram só as poltronas que ficaram mais confortáveis e os ingressos eletrônicos. Por trás das telas o cinema, com seus mais de 117 anos, evoluiu muito. Da química ao elétrico, o tradicional processo fotoquímico aplicado às películas de 35 mm por quase um século, foi substituído por um moderno processo fotoelétrico, em que a luz é transformada em eletricidade e codificada em fileiras de zero e um. Chegaram os efeitos especiais, que custam milhões aos estúdios, marcando o início da era digital nos cinemas, com filmes exibidos em altíssima resolução, em 2D ou 3D.
No Brasil, temos um parque exibidor com cerca de 3,1 mil salas, das quais 2,7 mil já estão digitalizadas. Desde o início dessa década, os cinemas brasileiros se mobilizaram para trocar as antigas películas – aqueles rolos enormes de filme – por arquivos digitais.
Projeção digital
Hoje todos os arquivos são filmados em alta resolução e projetados digitalmente. Considerado um ícone no universo cinematográfico, Avatar foi o primeiro filme que teve uma representação de alta qualidade com tecnologia 3D. Uma verdadeira questão de peso, já que os estúdios impuseram a digitalização, pois queriam substituir os rolos de película, que pesavam cerca de 30 quilos, para reduzir os custos de distribuição. O filme digital hoje é distribuído em leves fitas chamadas DLT. Cada uma armazena até quatro filmes de duas horas de duração.
Conteúdo codificado
A tecnologia digital se consolidou e os fornecedores das películas perderam espaço. O cinema teve então que buscar alternativas para continuar gerando conteúdo seguro contra a pirataria. Isso porque, ao contrário da película, cuja cópia envolve um processo complexo, um filme digital pode ser copiado num simples apertar de botões. Assim, todo filme digital é codificado para evitar a cópia ilegal. Após sair do servidor, ele passa por um decodificador, antes de ser convertido em imagem no projetor.
Programação variada
Nem só de filmes vive o cinema. Além de exibir filmes, as salas digitais também podem projetar qualquer mídia digital, desde um simples DVD até programas ao vivo transmitidos por redes de TV que trabalham com imagens de alta definição. Isso possibilita que as salas sejam usadas como megatelões para grandes eventos esportivos, como por exemplo, a final da liga dos Campeões da UEFA que é exibida há anos nos cinemas, ou apresentações corporativas.
Som imersivo
Sabe a sensação de que no cinema o som está em toda parte? Está mesmo. O áudio nos filmes digitais não é compactado e por isso tem melhor qualidade. Na sala ele é distribuído por diversos alto-falantes: os próximos à tela são usados para os diálogos, os laterais e os do fundo para sons ambientes e o do meio – posicionado no teto e conhecido como woofer – serve para sons mais graves, como por exemplo, o barulho de uma nave espacial decolando.
Projetores a laser
Parece complicado, mas é apenas matemática. Os equipamentos a laser tem baixo custo de propriedade em relação aos que usam lâmpadas xênon, funcionam por mais de 40 mil horas, e economizam cerca de 40% de energia elétrica. As inovações na indústria cinematográfica trazem economia, então são muito bem-vindas. Ainda mais se trazem recursos que os cinéfilos adoram! Para eles, produções filmadas com tecnologias 4K ganharão cada vez mais espaços nas salas de cinema do mundo todo. É bom que as telonas estejam preparadas, pois o futuro chegou!
*Ricardo Ferrari é diretor da Barco, líder mundial em cinema digital