Com uma trama baseada em fatos reais, Graças a Deus aborda pedofilia na igreja católica. Filme de François Ozon chega aos cinemas dia 20 de junho
“GRAÇAS A DEUS”, do diretor francês François Ozon, fez sua estreia mundial no último Festival de Berlim, onde conquistou o Grande Prêmio do Júri. O longa, que será exibido no Brasil durante o Festival Varilux de Cinema Francês, faz sua estreia em circuito comercial em 20 de junho, com distribuição da Califórnia Filmes.
O filme é baseado na história real de Alexandre Guérin, François Debord e Emmanuel Thomassin, que foram vítimas do padre Bernard Preynat, da arquidiocese de Lyon, na França. Os três denunciaram os abusos sofridos entre 1986 e 1991, quando eram menores de idade, apenas em 2015. Por meio da criação da associação La Parole Liberée mais de 70 vítimas denunciaram os abusos sofridos. Em março de 2018, o cardeal francês Phillipe Barbian, arcebispo de Lyon, foi condenado a seis meses de prisão por não denunciar as agressões sexuais cometidas por Preynat.
“GRAÇAS A DEUS” aborda a pedofilia na Igreja Católica, tema que tem sido recorrente nos noticiários. Ozon, que também assina o roteiro, conta que a ideia inicial era fazer um documentário, mas “quando comecei a discutir o projeto em termos concretos com as vítimas, senti que estavam decepcionadas e reticentes sobre a ideia do documentário. Ficaram intrigados quando um cineasta de ficção se aproximou deles. Então eu pensei: é isso que eles querem de mim, e é isso que eu sei fazer”.
Na construção da narrativa, o diretor explica que teve como prioridade “contar as histórias pessoais dos homens que foram molestados quando crianças, do ponto de vista deles como vítimas. Tomei algumas liberdades com a história das pessoas próximas a eles, permanecendo fiel às suas experiências e ao espírito de seus testemunhos”.
A partir dessa premissa, o diretor optou por focar a trama nas consequências sofridas pelas vítimas ao se expressarem e não criar um suspense em torno dos abusos cometidos. “Os fatos estão bem aí, mas a ação não segue adiante, tornando a injustiça ainda mais extrema e incompreensível”, comenta Ozon.
“Mostrei o filme a um padre que disse: ‘Este filme poderia ser uma oportunidade para a Igreja. Se o considerarem, talvez ela finalmente assuma a responsabilidade pela pedofilia em seu meio e combata essa praga de uma vez por todas.’ Espero que sim”, finaliza o diretor.
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