Fernanda Montenegro, que completa 75 anos de carreira em 2018, será homenageada no 17º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. A cerimônia está confirmada para o dia 18 de setembro, na Cidade das Artes, com direção artística de Ivan Sugahara e transmissão ao vivo do Canal Brasil.
Cacá Diegues escreveu um texto especial para esta homenagem da Academia Brasileira de Cinema, intitulado “Fernandona” (abaixo, na íntegra). Em breve serão divulgados os filmes que estarão concorrendo este ano.
Fernandona, por Cacá Diegues
Segundo a Bíblia, todo ser humano é um templo vivo de Deus. Mas acho isso mais ou menos. Dependendo do ser humano, tem uns que são mais templo vivo do que outros. Pega um bandido do tráfico de drogas, por exemplo. Tem uns que atiram por dá cá aquela palha, entendendo por palha o que a gente está mesmo imaginando.
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Por outro lado, tem seres humanos que, mesmo que se queira plantar em sua fama alguns sórdidos pecados, nada pega. E não pega porque a má fama é inconsistente; mas sim porque a pessoa é que é consistente demais, não importa qual seja seu tipo de fama. Fernanda Montenegro é uma dessas pessoas.
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Tecnicamente, Fernanda é uma atriz, deusa dos palcos, de todas as telas grandes e pequenas. E do que mais se venha a inventar para nos contar a vida de alguém. No Brasil ou por aí, poucas mulheres nos deram o que Fernanda já nos deu e continua a dar, incansável narradora de almas. Pode ser que Bette Davis ou Jeanne Moreau tenham chegado perto; como perto há de ter chegado Cacilda Becker. Mas Fernanda é só ela.