Diretor Hugo Prata também participa da conversa com Fabiula Nascimento
Fabiula Nascimento e Andréia são muito amigas e eram vizinhas quando o filme estava sendo rodado. Após um ensaio, Fabiula convidou Andréia para bater-papo em sua casa. A intérprete de Elis Regina diz que é muito fraca para bebida, normalmente bebe no máximo dois drinks, mas nesse dia, tomou 12 doses. Fabiula revela curiosidades sobre esse encontro com a amiga: “Eu tive um show de Elis Regina. Ela baixou na minha casa durante três horas. E ela levantou, falou, esbravejou, chorou… Voltava a ser ela, mas na realidade não era porque a voz não era da Andréia. Depois ela disse: ‘preciso ir embora, nunca bebi desse jeito, não sei o que estou fazendo aqui’. E eu respondi que estava tudo certo, a Elis já estava dentro dela, não tinha erro”.
Hugo conta que, em 2012, antes mesmo de o roteiro começar a ser escrito, Andréia entrou em contato pedindo para interpretar Elis Regina. Em um encontro, os dois perceberam que compartilhavam da mesma opinião sobre a cantora e sobre a essência do que seria o filme, porém, quando chegou o momento de começar a ensaiar, a atriz foi escalada para uma novela e precisou declinar o trabalho no filme. Um mês antes das filmagens começarem, mudaram os planos da produção da novela e ela voltou ao elenco.
“A Andréia conquistou a compreensão da personagem. Eu estava atrás de uma atriz que tivesse uma carga dramática grande. A Elis é assim, pessoalmente e cantando também. Ela é o cruzamento de uma técnica absurda com força dramática intensa, é a Pimentinha. Essa densidade era o que mais me interessa e a Andréia tem isso”, diz o diretor.
Andréia Horta confessa que ficou com medo de perder o papel, pois várias atrizes ligavam para Hugo interessadas no posto. A mineira acompanhou todo o processo de produção do filme desde o princípio e deu muitos pitacos, inclusive no roteiro: “Uma das coisas que mais me interessava falar da Elis no filme era sobre os discursos artísticos dela na ditadura militar. Os 20 anos de carreira dela aconteceram durante a ditadura; a Elis não conheceu a arte livre na democracia. Sempre houve veto e censura. Ela tinha um posicionamento artístico que, infelizmente, é muito atual. Ela falava: ‘não podemos apenas ficar dependendo do governo, temos que achar outro jeito’. E dizia que viria uma censura muito pior pela frente, que é essa censura pós-ditadira do politicamente correto. A gente queria falar dessa artista que, além de ser grandiosa, foi se tornando cada vez mais incômoda no decorrer da ditadura”.
Na conversa, Hugo Prata conta ainda a dificuldade de condensar toda a história de Elis em duas horas e comio fez as escolhas do que entraria e o que ficaria de fora do filme. Lançado em 2016, o longa teve a primeira exibição no Festival de Gramado, no Rio Grande do Sul, terra natal da cantora. A protagonista lembra que ficou muito apreensiva, mas todo o esforço valeu a pena, pois foi premiada como melhor atriz na ocasião e também no Grande Prêmio de Cinema Brasileiro em 2017 e recebeu o Troféu APCA de melhor atriz pela Associação Paulista de Críticos de Arte.
O País do Cinema
INÉDITO
Apresentação: Fabiula Nascimento
Quinta-feira, dia 11 de janeiro, às 21h30
Horários alternativos: Sexta, 12/01, às 13h, e domingo, 14/01, às 17h