A pandemia e a crise econômica afetaram o Brasil, este país de tamanho continental, de diferentes maneiras e pontos de vista. E, diante dessa realidade que não é homogênea, a identidade brasileira pode inspirar sensações para muito além do que está posto. Por isso, buscar a unidade desses diferentes pedaços de país foi o fio condutor para a seleção dos filmes do 32º Cine Ceará, que ocorre de 7 a 13 de outubro, em formato presencial. Ao todo, 18 longas e curtas estão em competição nas principais mostras do evento – as Mostras Competitivas Ibero-americana de Longa-metragem e Brasileira de Curta-metragem – e serão exibidas no Cineteatro São Luiz.
Na Mostra Competitiva Ibero-americana de Longa-metragem, procurou-se fazer uma seleção que privilegiasse a diversidade, tanto temática como estética. Dois dos oito longas são nacionais: “A Filha do Palhaço“, ficção do diretor Pedro Diógenes, que conta a história de Joana, uma adolescente de 14 anos que acompanha o pai, o humorista Renato, por seus shows em churrascarias, bares e casas noturnas de Fortaleza; e “O Acidente“, filme dirigido por Bruno Carboni, que narra um acidente com a ciclista Joana e o encontro dela com a família do motorista.
Também estão na competição de longas do Cine Ceará “Lo Invisible”, de Javier Andrade, selecionado pelo Governo do Equador para representar o país no Oscar 2023, “La Piedad“, filme espanhol de Eduardo Casanovas, premiado pelo júri no Festival de Cine de Karlovy Vary e eleito o Melhor Filme Internacional no 26º Festival Internacional Cine Fantasia (Montreal), e “Niños de Las Brisas”, de Marianela Maldonado, documentário filmado ao longo de uma década que acompanha a trajetória de três jovens venezuelanos para se tornarem músicos profissionais no conceituado “El Sistema”, cujo modelo de ensino foi adotado por diversos países europeus, e que formou músicos como o renomado maestro Gustavo Dudamel. “Green Grass”, coprodução Chile-Japão dirigida por Ignacio Ruiz, “Vicenta B”, do cubano Carlos Lechuga, e o argentino “Las Cercanas”, de María Álvarez, completam a seleção de longas-metragens.
Para o cineasta Vicente Ferraz, curador da mostra competitiva de longas, “no Cine Ceará não há distinção de gênero, podemos ter filmes de ficção, documentários e animações na competitiva de longas. Lá, estão propostas de impacto, alegorias, experimentais e outros mais intimistas. Claro que também, como em anos anteriores, privilegiamos o cinema do Nordeste, particularmente a atual produção do Ceará”.
Para a Mostra Competitiva Brasileira de Curta-metragem foram
Também estão na lista dos curtas quatro documentários: “Alexandrina – Um relâmpago” (AM), da artista visual e cineasta Keila Sankofa, sobre Alexandrina, mulher preta da Amazônia filha de negros escravizados; “Camaco” (MG), de Breno Alvarenga, sobre um dialeto secreto que surge como forma de resistência de mineradores numa cidade no interior de Minas Gerais; “Contragolpe” (BA), de Victor Uchôa, sobre a importância do boxe na periferia de Salvador; e “Filhos da Noite” (PE), que acompanha as memórias e vivências de oito homens gays entre 50 e 70 anos.
Além da competição oficial, os curtas-metragens concorrem ao Prêmio Canal Brasil de Curtas. Realizado nos principais festivais de cinema do país, o prêmio tem como objetivo incentivar a produção audiovisual. O júri, composto por jornalistas e críticos de cinema, escolhe o melhor filme em competição, que recebe o Troféu Canal Brasil e R$15 mil.
OS LONGAS DA COMPETITIVA IBERO-AMERICANA
A Filha do Palhaço. Direção: Pedro
Green Grass. Direção: Ignacio Ruiz. Ficção. 100’. Chile-Japão. 2022. 16 anos.
La Piedad / A Piedade. Direção: Eduardo Casanovas. Ficção. 80’. Espanha-Argentina. 2022. 16 anos.
Las Cercanas / Inseparáveis. Direção: María Álvarez. Documentário. 81’. Argentina. 2021. Livre.
Lo Invisible / O Invisível. Direção: Javier Andrade. Ficção. 85’. Equador-França. 2021. 18 anos.
Niños de Las Brisas / Meninos de Las Brisas. Direção: Marianela Maldonado. Documentário. 100’. Venezuela-Reino Unido-França. 2021. 12 anos.
O Acidente. Direção: Bruno Carboni. Ficção. 95’. Brasil. 2021. 14 anos.
Vicenta B. Direção: Carlos Lechuga. Ficção. 77’. Cuba-França-EUA-Colômbia-
OS CURTAS DA COMPETITIVA BRASILEIRA
Alexandrina – Um Relâmpago. Direção: Keila Sankofa. Documentário. 11’.
Big Bang. Direção: Carlos Segundo. Drama. 13’. Minas Gerais. 2022. 12 anos.
Camaco. Direção: Breno Alvarenga. Documentário. 14’. Minas Gerais. 2022. Livre.
Celeste (Sobre Nós). Direção: Natália Araújo. Ficção. 19’. Pernambuco. 2022. 12 anos.
Cemitério de Flores. Direção: Rafael Toledo. Suspense/terror. 19’. Minas Gerais. 2022. 16 anos.
Contragolpe. Direção: Victor Uchôa. Documentário. 16’. Bahia. 2022. Livre.
Elusão. Direção: Taís Augusto. Ficção. 22’. Ceará. 2022. Livre.
Filhos da Noite. Direção: Henrique Arruda. Documentário. 15’.
Infantaria. Direção: Laís Santos Araújo. Ficção. 24’. Alagoas. 2022. 12 anos.
O Último Domingo. Direção: Joana Claude e Renan Barbosa Brandão. Ficção. 17 min. Rio de Janeiro. 2022. Livre.
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