E finalmente o filme da Liga da Justiça chegou aos cinemas. Depois de muita espera e desconfiança, pudemos ver nossos heróis clássicos interagindo e lutando juntos. Felizmente, o saldo do filme foi positivo e pudemos perceber que o longa foge do clima pessimista e sombrio dos anteriores e aposta em uma direção mais leve e divertida, lembrando bastante…os filmes da Marvel.
A DC dos anos 2000 teve como seu carro chefe os longas do Batman do Nolan, filmes bem acima da média com sucesso de crítica e público, o segundo ainda é tido como o melhor filme de herói já feito. Além disso tivemos Watchmen de Snyder, um longa que não fez muito sucesso de crítica nem de público, mas que acaba sendo amado por muitos e tido pela Warner como um filme grandioso (talvez para justificar a grana gasta e o uso da maior obra de quadrinhos já feita). O grande problema do DCU e do Snyder foi tentar replicar esses filmes com o seu novo universo DC.
Fugindo do clima Marvel de piadas e histórias simples, os filmes do DCU buscaram questionar a existência dos heróis e suas questões éticas, tal como foi feito em Watchmen. Com uma fotografia acinzentada e um Superman cabisbaixo, os longas da Warner tentaram fugir dos clichês dos filmes de herói mas pecavam bastante em direção e roteiro. Snyder tinha planos megalomaníacos mas suas limitações como diretor o impossibilitavam de fazer um filme grandioso. A culminância da falta de personalidade da DC veio com Esquadrão Suicida, um longa pífio mas com boa aceitação do público geral. A tentativa de emular um Guardiões da Galáxia tornou o filme um Frankeinstein horroroso de ser assistido.
A esperança voltou com Mulher Maravilha, no lugar de se espelhar na Marvel ou seguir a filosofia Snyder, o longa busca inspiração lá de trás, no Superman de Donner. Estranhamente, o filme da Mulher Maravilha, que se passa em um dos episódios mais tristes e horrorosos da história da humanidade, acabou sendo o filme com mais coração e esperança do DCU. Patty Jenkins e Gadot entregaram um filme simples, mas com sua própria personalidade e qualidade acima da média.
O que nos leva até Liga da Justiça, um filme que claramente passou por problemas de filmagens e refilmagens com a saída de Snyder no finalzinho por problemas familiares e a contratação de Joss Whedon para terminar o longa. Seja por evolução do diretor anterior ou pela mão de Whedon, podemos perceber que o “estilo Snyder” está mais contido no filme. Não temos muitas câmeras lentas nem cenas super dramáticas com uma fotografia exagerada de vídeo clipe. O filme traz muito mais piadas e momentos divertidos, com uma ótima interação entre os personagens. Não pensar no primeiro Vingadores é impossível enquanto assistimos a Liga.
Mas acredito que o grande trunfo de Liga da Justiça é saber seu lugar. O longa não tenta trazer questões éticas e morais como os anteriores faziam, é um filme de ação e aventura de super-heróis e ele sabe disso. É verdade que o filme tem um tom e montagem esquisitos por conta das refilmagens mas essa mistura de Whedon e Snyder acabou por trazer um bom balanceamento para o longa. As cenas de ação exageradas sumiram e deram lugar para diálogos divertidos e um Superman esperançoso. O pouco que o Super aparece no filme já mostra um personagem mais carismático e que remete mais ao ícone dos quadrinhos. Talvez Snyder tenha aprendido a usar o personagem ou talvez seja a mão do antigo diretor de Vingadores, isso não importa na verdade.
Respondendo o título sensacionalista do post, eu não acredito que o que vemos aqui é uma “fórmula Marvel”, mas um filme que entende o que é ser um super-herói, é entregar um longa divertido e otimista, que passa a esperança que tanto é falada. Depois que você construir os heróis na mente do público é que você vai poder brincar e destruir isso, felizmente temos um DCU que começou de forma sombria e acaba vendo um pouco de cores e luz aos poucos, até literalmente.
É verdade que se esse filme tivesse saído antes do primeiro Vingadores, ele teria uma nota maior e uma melhor recepção da crítica, mas o filme não inventa a roda e só nos mostra o que já estamos cansados de ver. Mas fico feliz de ver um longa de super-heróis humilde que sabe o que ele é. Um filme que prepara o terreno do DCU para o futuro com esperança e otimismo. Um universo que merecemos.