De origem humilde, Ken Loach se tornou um dos diretores mais influentes e respeitados do cinema britânico, reconhecido por sua abordagem socialmente consciente, sempre tratando sobre tema como questões de classe, trabalho e injustiça social.
Quatro anos após o lançamento de “Você não estava aqui”, sobre informalidade e insegurança trabalhista, Loach retorna aos cinemas com o lançamento do longa-metragem “O Último Pub” (leia a crítica do filme), uma visão sobre imigração e refugiados, além de políticas públicas, miséria e medo.
Ken Loach preenche sua trajetória com diversos filmes políticos, no entanto, aqui não tratarei sobre sua longa e louvável presença no cinema. Ao explorar suas obras, é possível entender melhor algumas questões sociais, principalmente da Inglaterra, que permeiam seu trabalho e a influência de suas obras. Porém, há três longas-metragens que, penso, serem essências para conhecer Ken Loach. Confira abaixo:
Kes (1969)
“Kes” é talvez um dos filmes mais emblemáticos de Loach, adaptado do romance “A Kestrel for a Knave” de Barry Hines. A história acompanha Billy Casper, um jovem rapaz de uma cidade industrial inglesa, que encontra uma fuga da sua vida difícil ao treinar um falcão. O filme é aclamado por sua representação autêntica da classe trabalhadora britânica e pela atuação comovente de David Bradley como Billy. “Kes” é um exemplo do compromisso que possui Loach em retratar a realidade crua dos trabalhadores da época, com pobreza, opressão e esperança.
Terra e Liberdade (Land and Freedom, 1995)
Tratando sobre a Guerra Civil Espanhola através dos olhos de um jovem comunista britânico, David Carr (Ian Hart), que viaja à Espanha para lutar contra as forças fascistas, “Terra e Liberdade” é poderoso em falar sobre ideologia, lealdade e desilusão. O filme captura a complexidade dos conflitos políticos e humanos, com Loach utilizando uma narrativa envolvente para explorar como as convicções pessoais e a política se entrelaçam, proporcionando uma visão profunda sobre a luta pela liberdade e justiça.
Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake, 2016)
“Eu, Daniel Blake” é uma crítica contundente ao sistema de bem-estar social britânico. O filme segue Daniel Blake (Dave Johns), um carpinteiro que sofre um ataque cardíaco e é incapaz de trabalhar, mas enfrenta um sistema burocrático que o impede de receber benefícios. Ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes, este filme fala sobre as políticas governamentais que falham em proteger os mais vulneráveis. Loach traz à tona uma indignação moral e a empatia, mostrando as lutas diárias de pessoas comuns em um sistema impiedoso.