A lembrança que tenho do primeiro Independence Day é bem nostálgica: assistindo com meu pai na Tela Quente e me divertindo bastante com a destruição desenfreada da invasão alienígena em um filme que sabia emocionar e divertir da sua forma. Lembro também da fita na locadora que tinha um efeito de animação, quando você virara o rosto a nave destruía a Casa Branca. Mais tarde revisitando o longa a gente percebe que é um filme bem tosco que sabe divertir sem exigir muito do telespectador, com um sentimento de patriotismo que pode ser absurdo para nós mas que muitos americanos se identificam. Podemos dizer que o novo filme da franquia segue exatamente pelo mesmo caminho, até demais.
O longa conta a história literalmente 20 anos depois da primeira invasão, a humanidade está em paz e usando a tecnologia alienígena para avançar. Acompanhamos vários núcleos de personagens, tanto de novos como antigos, já envelhecidos pelo tempo. Temos o carismático Jeff Goldblum voltando com seu cientista David Levinson, juntamente com seu pai. Vemos também o excêntrico Dr. Okun de volta e até Bill Pulman como o ex-presidente que virou herói. Dentre os personagens novos temos o filho do Capitão Hiller que segue a mesma carreira do pai e seus dois amigos Jake e Patty, todos pilotos que tem uma longa amizade mas algumas pendências para resolver. Além disso temos a adição de outros personagens novos interessantes de diferentes etnias, passando da África até a China.
O primeiro ponto positivo que podemos apontar no longa é a preocupação de mostrar que o mundo mudou após o primeiro contato, com a tecnologia humana evoluindo bastante e também mostrando algumas tribos que ficaram experts em caçar aliens. Isso deixa até um gostinho interessante para se desenvolver esse lado, o que aconteceu durante esses 20 anos que não vemos, como a humanidade venceu as tropas remanescentes da invasão e as consequências políticas e econômicas do ato em 96.
Mas logo no começo do filme dá para perceber sua principal falha, um roteiro bobo e simples demais, repleto de clichês. Em vários momentos você já sabe o que vai acontecer ou ri em diálogos que parece que estão se levando a sério demais. A questão é que podem dizer que o filme não se leva a sério, mas fica difícil comprar essa ideia quando vemos um cientista andando de bunda de fora minutos depois de vermos um familiar de um dos protagonistas morrer. O filme deveria abraçar a realidade ou a galhofa, ficar no meio do muro é um problema que me incomodou bastante.
Outro problema é o exagero de plots e personagens, tem alguns ali que eu sinceramente não me lembro bem do filme passado e outros novos que são tão caricatos que não da para levar a sério. O guerreiro africano, por exemplo, funcionaria muito bem em uma animação ou filme do Gi Joe, mas ele fica bastante deslocado ali no meio de tantos personagens mais “sérios”, sua presença é caricata e até meio racista se pararmos para pensar. Apesar disso, a presença da China no filme é bastante positiva, com personagens carismáticos e um sentimento que os EUA não estão sozinhos ali como únicos salvadores do dia (apesar de saber que esses chineses só estão ali para que o filme estreie na China). Até mesmo os heróis são super clichês, com arquétipos que já vimos 300 vezes antes em outros filmes, o sentimento que fica é que houve uma preguiça ao escrever o roteiro, que não houve uma vontade de inovar e que eles se preocuparam somente em entregar uma fórmula pronta e cansativa. O roteiro não possui falhas grandes, muito pelo contrário, ele respeita as regras estabelecidas e entrega uma história e personagens coerentes com suas ações, mas é infantil e sem surpresas. Alguns arcos de personagens são legais de acompanhar, como o do ex-presidente Whitmore, outros são completamente inúteis ou esquecíveis.
Algo que não podemos reclamar são as cenas de ação, os efeitos especiais estão fantásticos e de abrir a boca, principalmente se você assistir o filme em IMAX ( o que eu recomendo, apesar do 3D fraco). A escala do filme está bastante mais épica e colossal, como uma boa evolução de filme. O clima de derrota também é aparente, apesar de ser quebrado cm as constantes piadas e personagens cômicos. Os combates aéreos são no melhor estilo Star Wars e no final temos um inimigo final até inesperado e ameaçador. Eu gosto bastante do design dos aliens, diferente do roteiro, a direção de arte do filme não é preguiçosa e nos entrega cenas bonitas de se ver.
Independence Day: O Ressurgimento é aquele tipo de filme para literalmente desligar o cérebro e assistir. Ele vai te divertir em algumas cenas mas vai te deixar com vergonha alheia em outras, se eles tivessem usado o plot do filme original para entregar uma ficção científica mais séria talvez tivesse sido uma escolha melhor. Pois 20 anos depois do último filme, a fórmula utilizada por Roland Emmerich já está bastante cansada e batida, aliado isso a personagens mal desenvolvidos e piadas fora de momento, a sensação que dá é que seria melhor se o longa fosse somente as cenas de ação sem nenhum diálogo. Mas se você está a fim de ver um filme divertido com umas boas cenas de ação e destruição exageradas, eu recomendo!