Victor Frankenstein e sua criatura já fazem parte da longa história do cinema. Então é normal esperar uma nova versão de tempos em tempos. De uma maneira incomum, dois longas resolveram abordar a trama escrita por Mary Shelley recentemente. O dispensável Frankenstein entre Anjos e Demônios e o mais novo lançamento estrelado por James McAvoy e Daniel Radcliffe. Ambos escolhem caminhos similares. Como dar um novo ar à clássica história, inserido elementos de ação e aventura. Mas cometem o mesmo pecado de não conseguir apresentar uma trama consistente.
O filme começa mostrando uma espécie de origem para Igor (Daniel Radcliffe), personagem que não está presente no livro de Shelley, mas que marca presença em várias adaptações para o cinema. Pelo ponto de vista dele, conhecemos Victor Frankenstein (James McAvoy), um estudante de medicina tomado por uma ambição: superar a morte. Mesmo que o longa leve o nome de Victor, é Igor que possui maior destaque. Saindo da figura de mero ajudante, ele passa a ser uma peça decisiva para o nascimento do monstro, além de funcionar como uma bússola moral para o seu amigo.
As atuações dos atores principais conseguem se destacar apesar das falhas de roteiro. James entrega um Victor determinado, porém explosivo e caótico. Longe de ser brilhante, o ator se mantém eficiente. Já Daniel Radcliffe continua surpreendendo. Depois de largar o manto de Hogwarts, ele vem buscando personagens cada vez mais diferentes. O esforço físico das primeiras cenas mostram que essa foi mais uma escolha interessante na carreira.
A eterna disputa entre ciência e religião também está presente. Mas apesar de alguns questionamentos interessantes, logo é desgastada pelo uso equivocado. Paul McGuigan, conhecido por comandar alguns episódios de Sherlock, não consegue repetir o belo trabalho realizado na série britânica. Nem mesmo a presença de Andrew Scott (que interpreta James Moriarty na série) consegue ter o mesmo impacto.
Já passou da hora da história criada por Mary Shelley ganhar uma adaptação que realmente honre sua qualidade. Mas se depender do atual cenário de Hollywood, é mais fácil que um homem feito com partes de outras pessoas apareça andando por aí.
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