Em outubro de 2018, a Marvel lançou a primeira aventura do Protetor Letal, Venom, para os cinemas, filme que apresentou críticas bem conflitantes e recepção pouco favorável. Ele foi criticado por quebrar o próprio tom e por sua indecisão em ser uma comédia ou algo sério, resultando em um filme infame dentre os filmes do universo Marvel. Três anos depois, temos o esperado retorno do personagem para tentar de novo: uma segunda chance em dar ao público o que ele gostaria e conseguir um resultado que fosse mais agradável, e, para isso, precisariam invocar um vilão famoso das HQs, alguém que trouxesse um adversário bem a par do protagonista. Peguem a pipoca e preparem a adrenalina para Venom – Tempo de Carnificina.
O Protetor Letal retornou
Mais uma vez, Tom Hardy está protagonizando Eddie Brock, jornalista investigativo agindo junto à polícia, que tenta manter seu emprego e sua vida relativamente normal enquanto convive com o simbionte atrelado a seu corpo. Eddie está seguindo a história do assassino em série Cletus Kasady (interpretado por Woody Harrelson), enquanto procura lidar com a possibilidade constante de demissão se não conseguir uma boa história para as notícias e seu novo “companheiro de casa” que constantemente está batendo de frente com seus pensamentos.
Tempo de Carnificina procura continuar a relação entre Eddie e Venom, se divertindo em mostrar a confusão que se tornou a vida do jornalista – caixas e mais caixas de chocolates espalhadas por seu apartamento para suprir o monstro em seus ombros (já que chocolate é uma das únicas coisas que Venom pode comer para sobreviver – além de cérebros), milhares de papéis espalhados, além de um casal de galinhas as quais Venom se afeiçoou e se recusa a comer – é um filme que abandona a tentativa de uma estética mais “séria” que o primeiro tentou alcançar (sem sucesso) e abraça o absurdo e a comédia que vem da relação entre os dois.
A grande novidade do filme é a presença do novo vilão: Carnificina. O vilão, que se originou nas HQs do Homem Aranha em 1992, é considerado um dos vilões mais sedentos de sangue da história do herói, e sua forma de simbionte é constantemente vista usando seus tentáculos na forma de foices – algo que ainda permanece visível em Tempo de Carnificina, além disso, Woody Harrelson fica bastante parecido com o visual de Cletus nos quadrinhos, e as cenas em que ele está sendo o foco principal são ótimas – é apenas uma pena que elas sejam tão apressadas.
A apresentação e a história do vilão não são exatamente ruins: sua origem é contada pelo próprio Cletus na forma de uma breve animação cartunesca bem estilizada em vermelho, mas pouco tempo é dado para deixar as informações e os eventos transparecerem naturalmente – muito provavelmente pelo limite de tempo almejado pelo filme. Os fãs que esperavam ver Carnificina fazer jus ao próprio nome podem ficar desapontados ao saber que – provavelmente pela decisão de manter a faixa etária do filme para 13 anos ou mais – as cenas de destruição são relativamente mansas, o que pode ser visto como uma total perda da intenção original do personagem.
Apesar dos pesares, é interessante ver o rumo que Tempo de Carnificina toma. É um filme repleto de ação exagerada, bastante humor e que com certeza não se leva a sério, com direito a uma cena que beira uma briga de casal entre Eddie Brock e Venom, um assalto a um galinheiro e uma cena onde Venom dá a sábia filosofia de “seja quem você quer ser” – seguida de uma derrubada de microfone ao estilo anos 1980.
Conclusão
Venom – Tempo de Carnificina é um filme melhor que seu antecessor, que abraça suas situações absurdas com bom humor e não tenta ser mais do que é, apresentando um tom divertido que não estaria fora de cogitação em quadrinhos de sua nêmesis aracnídea. Porém, o longa ainda sofre por se apressar, não dando tempo suficiente para mergulhar em seu vilão e nos conflitos principais, o que com certeza pesa em seu aproveitamento e impede Tempo de Carnificina de ser tão bom quanto poderia ser.