Tempestade: Planeta em fúria | Crítica

Tempestade: Planeta em Fúria é um filme de catástrofes naturais que não possui cenas primorosas, mas empolga moderadamente com um clima investigativo e pequenas surpresas no roteiro

Estamos vivendo um período crítico para políticas ambientais, visto que o presidente da maior potência econômica do mundo parece não se importar ou nem mesmo acreditar nas consequências do aquecimento global e na influência humana sobre este fenômeno. Em meio a este cenário pessimista, o que Tempestade: Planeta em fúria tem de clichê nas cenas de tragédias naturais e destruição, ele tenta compensar fugindo dos clichês que exaltam os estadunidenses como grandes salvadores do mundo e cuidadores da humanidade.

O filme se passa em um futuro propositalmente muito próximo. Em 2019, o mundo já está apresentando condições climáticas quase insustentáveis para a vida humana devido a negligência dos governos. Em alguns anos foi construída uma rede de satélites em volta da Terra, chamada Dutch Boy, que atua como um sistema de compensação, estabilizando o clima terrestre. No entanto, alguns anos após o engenheiro chefe (Gerard Butler) ser afastado do projeto, a rede de satélites passa a agir de forma estranha e atacar certos locais do planeta, causando desastres naturais colossais. Essa ameaça deve ser rapidamente detida antes que o fenômeno saia de controle gerando uma catástrofe global nunca antes vista, a Geostorm.

Um diferencial de Tempestade: Planeta em fúria, para outros filmes de catástrofes naturais como Impacto Profundo, O Dia Depois de Amanhã e 2012, é que desta vez o filme segue também como um suspense investigativo, pois um grupo de pessoas está causando aqueles desastres assumindo o controle do Dutch Boy, e pistas vão sendo deixadas ao longo do filme para o espectador. Apesar da motivação do vilão principal ser extremamente fútil, o personagem é um influente político americano e não um vilão genérico de outra nacionalidade como é comum nesse tipo de produção.  A abordagem do roteiro reforça a todo momento que os governos internacionais devem se unir para conter as consequências das mudanças climáticas, e essa pluralidade de nações é também representada pela equipe espacial que se une ao protagonista para solucionar o caso, com membros de origem europeia, africana e latino americana. Além disso, o enredo apresenta um ritmo bom, com algumas pequenas reviravoltas que ficaram interessantes na história. O filme tenta fugir do óbvio em diversos momentos, como por exemplo quando a cena clímax de ação é protagonizada por uma mulher (Abbie Cornish), que desempenha muito bem o papel de membro da equipe de segurança do governo americano.

As cenas de catástrofes, no entanto, são bem esquecíveis. Devido a instabilidade climática, o filme contém desde maremotos e furacões até congelamento instantâneo, terremotos flamejantes, entre outros fenômenos banhados de computação gráfica de pouca qualidade. Eles se passam em diversos locais do mundo, incluindo um congelamento quase instantâneo de uma praia genérica num Rio de janeiro virtual. E claro, não podem faltar as cenas de personagens fugindo da destruição que milagrosamente nunca os alcança, seja de carro ou a pé, o filme é recheado de cenas como essas.

Tempestade: Planeta em fúria combina o alarde de mostrar condições climáticas insustentáveis num futuro muito próximo, com um certo otimismo de que todas as grandes potências rapidamente se unirão para conter o problema. Apesar das cenas de catástrofes naturais serem bem fracas, o filme tem boas atuações e mantém o público empolgado pelo clima investigativo e as pequenas reviravoltas no roteiro. Misturando ficção científica, desastres naturais e suspense investigativo, talvez não seja uma produção que valha a pena ver no cinema, mas pode agradar pela abordagem mais atual sobre o tema, reforçando o trabalho em equipe de diferentes nações e ainda com algumas provocações ao governo atual dos EUA.

O filme estreia dia 19 de outubro de 2017 nos cinemas brasileiros.