Após cometer um pequeno erro no final de uma missão que parecia estar concluída com sucesso, Robert McCall (Denzel Washington) acaba baleado e precisa se recuperar numa pequena e maravilhosa (visualmente falando) cidade na Itália. Essa é a premissa de O Protetor 3, o capítulo final, até então, de uma franquia bacana de ação.
Em comparação com os dois títulos da franquia, o diretor Antoine Fuqua se mostra aqui ainda mais competente em compreender o que McCall e Denzel possuem em comum: a idade. O ex-agente da CIA não está mais em seus dias de glória. Mesmo que isso seja mostrado, mas não falado, desde o primeiro filme, o capítulo três apresenta um McCall (re)descobrindo o que não estava procurando: sua paz.
Logo no primeiro ato, Fuqua opta por estabelecer McCall e o espectador na pequena cidade. Andar pelas pequenas ruas, subir ou descer escadas e contemplar o litoral muito belo que banha o visual com estruturas muito antigas. A cidade e os moradores, que recebem o personagem de Denzel com uma certeza cautela, mas ainda assim, acolhedora, se transformam no brilho que McCall não esperava encontrar e achou. Ele havia achado uma casa.
A história continua quando Robert percebe, logo de cara, que o local é comandado pela máfia italiana. Sem querer, o ex-agente se vê no meio de uma trama terrorista e pode ajudar a CIA a encontrar os culpados. Depois do elogiado Chamas da Vingança (2004), Dakota Fanning volta a trabalhar com Denzel Washington aqui. Ela interpreta a agente Emma Collins, uma jovem que é procurada por Robert para ajudar na investigação sobre as drogas e o dinheiro encontrados na abertura do filme.
O roteiro de Richard Wenk, que assina os demais filmes desta saga, até pretende fazer algum mistério sobre quem é Emma Collins e qual sua importância para Robert. Só que não há nenhum mistério nisso, apenas uma ligação com o passado que transformou McCall no protetor (ou espécie de herói ao avesso) que ele se tornou.
Fuqua e Wenk, que também são produtores ao lado de Washington, reuniram neste capítulo o que mais motiva o personagem principal em sua caçada por “atos de bondade” a bel prazer: injustiça e amizade. Desde o começo da franquia, Robert é fraterno com seus amigos e implacável com os inimigos. Uma brutalidade usada com inteligência. E desta vez, o diretor poupa mais o personagem de Denzel das lutas mais constantes que houveram nos últimos filmes. São poucas tomadas para ação, mas vale a pena pela competência da direção.
O ato final peca por não trazer um confronto digno para Robert, que não é um super-herói. Não há nada além de suas habilidades e mente afiada. A máfia italiana precisava ser esse inimigo final para esse personagem. O Protetor 3 necessitava disso para demonstrar que nem tudo neste filme aparenta ser tão fácil. No mais, fica para o futuro (ou para a mente dos espectadores) saber quais as consequências de destronar o chefe do crime organizado.
Por mais que a franquia tenha nesse terceiro filme um “capítulo final”, ela com certeza deve perdurar, com John David Washington, filho de Denzel e que está estrelando o filme de ficção científica Resistência, pode acabar interpretando um Robert McCall mais jovem.