Missão: Impossível – Nação Secreta | REVIEW

O texto a seguir contém SPOILERS de Missão: Impossível – Nação Secreta. Se você ainda não viu, então essa é sua próxima missão, caso aceite. Essa mensagem vai se auto-destruir em 5, 4…

20 anos atrás era praticamente impossível imaginar que Tom Cruise e sua IMF sobreviveriam por tanto tempo. E ainda por cima que fosse melhorar com o passar dos anos. Mas é como diz o ditado: panela velha é que faz comida boa.

Depois do sucesso de Protocolo Fantasma, Tom Cruise volta a viver Ethan Hunt em uma nova aventura que vai decidir o destino da humanidade só para variar um pouco. Se metendo nas missões que não poderiam ser realizadas por meros mortais, ele mais uma vez redefine o limite do impossível.

Nação Secreta continua os eventos mostrados no último filme. Mesmo salvando o mundo mais uma vez (tudo bem que foi meio na clandestinidade), a IMF segue não sendo vista com bons olhos pelo governo americano. E justo quando Ethan se depara com seu inimigo mais mortal, o presidente da CIA Alan Hunley (Alec Baldwin), dá um jeito de dissolver a agência por completo.

E qual esse terrível inimigo? O Sindicato. Uma espécie de anti-IMF formada pelos melhores agentes do mundo e liderada pelo meticuloso Solomon Lane. Agora sem nenhum recurso, Ethan se vê sozinho contra tudo e contra todos. Nação Secreta entrega as melhores coisas da franquia, mas com um adicional considerável: uma EXCELENTE história de espionagem, daquelas com reviravoltas, agentes triplos, momentos de tensão, lutas, perseguições em alta velocidade e vários apetrechos tecnológicos. Sem contar a agonia de ser surpreendido sempre que pensa que já sacou o que está rolando.

O filme passa por vários lugares do mundo, mas é no Marrocos e na Áustria que rolam as melhores cenas. Alinhadas a uma direção de trilha sonoro impecável, os momentos de tensão não te deixam piscar por um instante. Nas areias marroquinas Tom Cruise faz valer o Impossível ostentado pelo nome de sua agência, prendendo o fôlego enquanto gastamos o nosso torcendo pra tudo dar certo.

Na Wiener Staatsoper, a Ópera Estatal de Viena, nasce uma das melhores cenas do cinema desse ano. Ethan e Benji (Simon Pegg) enfrentam adversários enquanto uma poderosa ópera rola ao fundo. Nas mãos competentes de Christopher McQuarrie (que surpreende na direção, mesmo não sendo nenhum Brad Bird ou Brian De Palma), somos envoltos em um espetáculo de vida ou morte. É impossível não enxergar uma dança brutal em meio aos socos, chutes e piadas com a altura de Tom Cruise (hahaha). Mas em meio ao caos, surge um colírio para os olhos: a linda e mortal Ilsa Faust (Rebecca Ferguson).

A atriz consegue a – incrível – proeza de roubar a cena de um filme do Tom Cruise em muitos momentos. Ela faz parte da agonia de não saber o que está rolando. Aquela velha dúvida presente nos melhores filmes de espionagem sobre quem é do bem, quem é do mal e quem tem um lado próprio no meio de tudo. Beleza e vários golpes que desafiam a física dão pinceladas importantes para o obra que é Missão: Impossível – Nação Secreta. William Brandt (Jeremy Renner) também dá as caras no longa. Mas passa boa parte do tempo como burocrata, o que acaba tirando um pouco do encanto mostrado pelo personagem no filme passado.

Claro que nem tudo é perfeito. O Sindicato, ou seus membros, não conseguem ser tão ameaçadores como sua fama indica. Falta também um objetivo mais concreto que poderia tornar o clima do filme ainda mais denso. Alguns clichês também estão presentes. O que nem incomoda tanto, mas tem quem não gosta. De resto o roteiro é bem amarrado. Com incontáveis reviravoltas e até uma sacada inteligente que questiona se todo o sucesso conquistado por Ethan não passou de um mero acaso, ou sorte. Mas para um cara que faz esse tipo de serviço, sorte é sempre importante.

Missão: Impossível – Nação Secreta é bem dirigido, tem uma ótima trilha sonora, momentos de descontração e momentos de profunda tensão. Mais uma luz no fim do túnel que vem para combater quem diz que não se fazem filmes de espionagem como antigamente. Tom Cruise e seu Ethan, assim como a versão Daniel Craig do 007 são provas vivas do quanto isso é mentira.

Não posso afirmar até quando Ethan Hunt e a IMF vão sobreviver nas telonas do cinema. Mas posso garantir após assistir Nação Secreta e ver Tom Cruise e seus 53 anos em ação, que tentar frear os planos do ator será uma verdadeira Missão: Impossível.