crime-sem-saída-chadwick-boseman crime-sem-saída-chadwick-boseman

Crime Sem Saída: quando a originalidade faz falta | Crítica

Estrelado por Chadwick Boseman, Crime Sem Saída conta com a produção dos irmãos Russo (Vingadores: Ultimato)

Nada como o prestígio que um nome pode oferecer para viabilizar e possivelmente alavancar um projeto cinematográfico: Crime Sem Saída (21 Bridges), longa em cartaz nos cinemas em dezembro de 2019, possui nomes interessantes que certamente mobilizará espectadores para algumas de suas sessões. A produção é de ninguém menos que dos irmãos Joe e Anthony Russo, responsáveis pelo arrasa quarteirões Vingadores: Ultimato, além de sucessos de bilheteria anteriores como Guerra Infinita – tudo pela Marvel Studios.

A trama acompanha Andre (Chadwick Boseman, outro integrante do universo Marvel como Pantera Negra), um detetive que dedica sua vida a combater o crime especialmente contra assassinos de policiais. Sua motivação é o fato do seu pai, também policial, ter sido morto precocemente no exercício do dever. No entanto, os anos de Andre com seu pai lhe serviram para um aprendizado valoroso, que o permitiu trilhar os caminhos do pai. Sua fama passa a o preceder, onde agora ele precisa, junto com o combate ao crime, se explicar pelo alto número criminosos mortos nas operações sob seu comando. Seu mais recente caso é um assalto mal-sucedido que acaba com diversos policiais mortos em Nova York, e a pressão para que ele encontre os responsáveis só aumenta.

Taylor Kitsch e Stephan James / Divulgação

O filme possui, através de Brian Kirk, uma direção preguiçosa, dedicada a replicar diversos clichês das produções de ação que podem sim entreter em alguns momentos. Seus trabalhos anteriores são em um ou outro episódio em séries renomadas como Game of Thrones, Dexter e Penny Dreadful. Para um público não acostumado a filmes do tipo, é uma boa pedida pois a trama oferece diversas reviravoltas interessantes.

Infelizmente, a maior delas se desenha muito no começo do filme, fazendo com que a experiência do espectador mais atento seja parecida com a de uma lista de mercado: os acontecimentos vêem, e a surpresa gerada é nenhuma, mesmo que traga alguma satisfação pelas questões morais levantadas na trama.

Isso é fruto de um roteiro mediano, apenas mais um job de Matthew Michael Carnahan e Adam Mervis. Para uma história ambientada nos dias atuais, ou seja, munida de toda tecnologia do dia-a-dia como smartphones, é frustrante ver as coisas solucionadas num backup de pen drive. Outro detalhe que pode causar incômodo na pouca originalidade do texto é ele ter um discurso idêntico ao do filme Os Reis da Rua (2008) durante seu arco final, através do personagem de J. K. Simmons, sobre como os policiais são pouco amparados pelas leis trabalhistas – o que justificaria suas ações corruptas.

j.-k.-simmons-crime-sem-saída
J. K. Simmons, Sienna Miller e Chadwick Boseman / Divulgação

Não que seja um tema proibido de ser abordado novamente. Dia de Treinamento (2001) também retrata muito bem esse papel da contraversão policial, para ficarmos num exemplo mais conhecido. Mas usar um discurso essencialmente igual, num contexto também semelhante a outro filme, caracteriza o projeto como algo descartável nesse aspecto.

O elenco é enxuto, com os já citados J. K. Simmons (interpretando um capitão da polícia) e Chadwick Boseman, que recebe apenas o básico de carga dramática para Crime Sem Saída funcionar. Além deles, temos de mais notório a presença de Taylor Kitsch (aquele do filme John Carter, lembra?).

Não sei o quanto vale a pena os irmãos Russo emprestarem seu prestígio para promover um filme desse nível, mediano em quase todos os sentidos. Infelizmente, 21 1bridges não serve nem para validarmos o trabalho deles fora do mundo mágico da Disney e seus orçamentos milagrosos, uma vez que o trabalho deles aqui não é como diretores. Porém, esse filme pode ser uma boa distração para você que precisa de um programa mais pés no chão, nesses dias em que Star Wars: A Ascensão Skywalker dominará as salas de cinema pelo mundo.