Mais um da “franquia Invocaverso”, A Freira 2 segue o mesmo exemplo do seu antecessor e traz uma história morna, sem vida, entediante, e nem o esforço do elenco ajuda a melhorar a qualidade do filme – que, apesar de tudo, vem fazendo sucesso, provavelmente por ser o tipo de longa em que o público pode só sentar, desligar o cérebro e ficar olhando as imagens passarem rapidamente.
Aliás, não precisa ter visto o primeiro para ver o segundo. A trama inteira do primeiro filme é explicada em sua continuação, em diálogos nada discretos e flashbacks rápidos que mostram o que rolou antes, caso alguém tenha esquecido (o que é muito provável, já que o filme é tão fraco que você esquece o que aconteceu assim que ele termina).
No primeiro longa, Valak (Bonnie Aarons) saiu da sua prisão e ressurgiu no mundo, possuindo o pobre Maurice/Frenchie (Jonas Bloquet), que apenas queria viver sua vida boêmia em paz, mas acabou sendo escalado para lutar contra demônios e se deu mal demais. E por que isso seria importante para A Freira 2? Na continuação da história, a pobre alma está trabalhando como zelador em um internato na França sem saber que está possuído. Paralelo a isso, Irene (Taissa Farmiga), nossa heroína fiel a Deus, voltou para o convento (eu acho?), onde finge que tudo aquilo vivenciou com Valak foi um delírio coletivo.
Para o azar dela, alguma coisa tem matado uma série de padres e freiras ao longo de países a partir da Romênia, e o Vaticano manda a pobre Irene ir juntar as peças desse quebra-cabeças e resolver o problema. Sozinha. Por sorte, uma noviça praticamente ateia, Debra (Storm Reid), se une a ela nessa viagem, sendo o seu apoio – mas, no frigir dos ovos, ela é completamente dispensável para a história.
E é isso. Irene precisa descobrir o que está acontecendo utilizando-se do seu “dom sobrenatural”, ao mesmo tempo em que o plot do internato varia entre Maurice e a pequena Sophie (Katelyn Rose Downey), que sofre bullying da mean girl do colégio e suas capachos. Aliás, a personagem dela é filha da professora do colégio, interpretada por Anna Popplewell, que fez Susana em “As Crônicas de Nárnia: O Leão, A Feiticeira e o Guarda-roupa”, e achei um desperdício ninguém ter se escondido ao menos num armário para homenagear esse filme.
Acontece que, apesar dos personagens terem seus carismas, o roteiro é tão fraco que não dá para segurar muito a sua atenção. Valak, sinceramente, não assusta – talvez, com exceção, da primeira cena do filme, que, particularmente, achei bem montada -, há vários jump scares, e se vai cumprir o seu papel ou não depende de quem está assistindo. Pra mim, não funcionou, pois a narrativa toda é muito previsível, mesmo que o roteiro tente trabalhar com a quebra de expectativa – algo que faz tanto, que parece se esquecer do resto.
É engraçado a trama de A Freira 2 ser tão fraca, pois a ideia central é até bem simples, e o público com certeza vai esbarrar em conceitos superinteressantes, mas que ou são esquecidos rapidamente e não explorados, ou muito mal executados. E apesar de um óbvio maior investimento nos efeitos especiais e na direção de arte, várias cenas são escuras demais e você acaba gastando mais tempo tentando entender o que está acontecendo do que se assustando com criaturas medonhas que surgem para te amedrontar.
A personagem de Taissa Farmiga, ao contrário do que aconteceu em A Freira, não foi esquecida no rolê e possui mais destaque, mostrando que a sua atuação pode sim segurar as pontas quando sozinha em cena – um dos poucos pontos altos. O resto do elenco não deixa a desejar, de fato, mas com um roteiro frouxo, uma montagem horrorosa de diálogos e pouco espaço fica difícil ter tempo de brilhar.
O filme, no geral, é bem mais ou menos (com ênfase no menos). Você consegue se divertir se estiver acompanhado, por exemplo, e dá para passar o tempo. Se gostar de histórias para desligar o cérebro e mal prestar atenção, essa é uma boa pedida. No mais, A Freira 2 precisa de muito feijão com arroz para evoluir de tédio para, ao menos, levemente intrigante.