A-Filha-do-Caos A-Filha-do-Caos

A Filha do Caos terá première no Festival do Rio

Um filme metafísico sobre um mundo místico, A Filha do Caos fará sua estreia mundial no próximo Festival do Rio, que acontece entre 6 e 16 de outubro. O longa, dirigido por Juan Posada, foi selecionado para a Première Novos Rumos, que privilegia a diversidade da produção cinematográfica contemporânea brasileira. A produção é assinada pela Santafé Produções Cinematográficas em parceria com a Maria Fumaça Filmes.

O roteiro é assinado por Posada e pela atriz Bruna Spínola, que também interpreta a protagonista, Maria, uma atriz em crise que se prepara para interpreta Jocasta numa montagem de Édipo Rei, e se depara com uma experiência mística, que a faz repensar suas ideias sobre a maternidade e a posição da mulher no mundo.

Partindo de uma estética neo-expressionista e usando uma montagem inspirada no cinema formalista, A FILHA DO CAOS é composto de imagens de forte conteúdo simbólico: são portas e passagens para universos diversos que se compõem no filme.

Fotografado em preto-e-branco, o diretor explica que essa opção tem a ver com a aura de mistério do longa. “Não é um suspense, mas mistério, existem elementos misteriosos no filme, uma presença, uma aparição, uma revelação. De outra parte, é um filme com uma estética neo expressionista, uma estética de cinema que sempre me atraiu. Então penso que o preto e branco melhor expressa as ideias que estão permeando o filme.”

Assista ao trailer:

Juan e Bruna já haviam trabalhado juntos em outros projetos, e foi a atriz quem apresentou o projeto de A FILHA DO CAOS para o diretor. “Ele, de alguma forma, se interessou pela minha história e escreveu um primeiro tratamento de roteiro. Seguimos desenvolvendo a história no papel durante um tempo mas na verdade muito do que se vê na tela é parte do processo de filmagem e vivência”, explica Bruna.

Apesar de ser uma ficção, ela aponta também que há pontos de contato com sua experiência como atriz, afinal, ela e a personagem compartilham a mesma profissão.  “O que une Maria e as outras personagens que faço são as questões humanas e existenciais de cada uma delas. Isso sim, universal.”

“A base de A FILHA DO CAOS é o ato cinematográfico puro: o encontro entre um diretor com a câmera de cinema e a atriz diante dele. O que nasce deste encontro? O filme é, em grande medida, uma resposta a essa pergunta: uma criação dramática em ato, e acho que o filme é feliz em fazer o espectador participar disto em vários momentos”, explica Juan.

A-Filha-do-Caos

Boa parte do filme, explica Bruna, foi feita de improviso e descobertas no próprio set de filmagens, um processo bem próximo daquele do teatro, e, em várias cenas, a personagem está sozinha em cena. “Contracenar com a câmera guarda muita semelhança com o jogo que o ator tem com a plateia ao fazer teatro. É assumir que é sempre um jogo entre o ator e o espectador. O filme inclusive quebra algumas vezes essa quarta parede quando mostra momentos em que, na frente da câmera, eu me preparo pra viver a Maria, um pouco antes de iniciar a ação. No teatro existe esse pacto entre o público e a plateia que muitas vezes o cinema finge esquecer.”

Além do roteiro e o papel da protagonista, Bruna também desempenhou outras funções no filme, como produtora executiva – novamente em parceria com Juan – e direção de arte, e, para ela, foi uma experiência muito feliz trabalhar nessas outras áreas.

“Ouvi de muitas pessoas que seria quase impossível realizar um longa fora dos mecanismos tradicionais de financiamento mas eu acreditei na história que eu queria contar e não desisti. Foi difícil? Claro que sim. Enfrentamos muitos desafios na pré produção, nas filmagens e na pós produção. Mas de alguma forma demos conta e fizemos disso parte do projeto. A forma é conteúdo e usamos isso a favor dessa nossa história. Buscamos encontrar uma maneira de contar isso tudo dentro do que era honesto artisticamente”.