Continuações geralmente são complicadas. Se o primeiro filme foi bom, cria-se a expectativa que o segundo seja ainda melhor. Se a primeira parte não foi lá das melhores, a segunda precisa corrigir os erros e entregar algo diferente. As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras não foge dessa regra. Apesar de possuir muito mais pontos positivos que seu antecessor, a nova empreitada dos quelônios sofre com algumas falhas bem perceptíveis. Leonardo, Raphael, Michelangelo e Donatello seguem protegendo Nova York após a batalha contra o Destruidor, mas ainda longe dos holofotes. Mas quando um mal ainda maior surge, eles vão unir forças novamente com April O’Neil (Megan Fox), Vern Fenwick (Will Arnett) e com o novato justiceiro Casey Jones (Stephen Amell) para proteger não apenas sua cidade, mas o mundo inteiro.
Pela sinopse é possível perceber um aumento na escala de aventura do filme e isso é o grande ponto positivo. As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras faz algo que a maioria das produções recentes se recusa: abraçar seu lado pipoca. Não existe uma preocupação aparente de ser “pé no chão”, como vimos no primeiro longa. As sequências de ação, perseguição de carros, explosões, lutas em aviões e rios, tudo é pensado para passar a sensação de “maior e melhor”. Desde que foram criados, os irmãos tartarugas passaram por várias mudanças. E de um tempo para cá tornaram-se um berço de situações e inimigos pouco convencionais. Méritos para o diretor Dave Green (Terra para Echo), que consegue entender a essência dos personagens.
Os efeitos especiais também estão melhores, o que é importante já que seu uso é ainda mais necessário nessa continuação. Outro ponto de destaque é a interação entre o quarteto principal. Uma das falhas do primeiro filme era focar em Megan Fox e deixar os heróis em segundo plano. Aqui o cenário é modificado. Muito mais tempo é dedicado para que o público crie empatia pelas Tartarugas Ninja. Até o Mestre Splinter assume um papel mais reservado. Stephen Amell não compromete. Diferente de Arrow, onde o peso do protagonismo entrega as falhas em sua atuação, aqui ele está mais leve e solto. Existe até algo parecido com uma química entre ele e Megan Fox e uma interação dinâmica com Will Arnett (que segue sendo o alívio cômico).
Os principais problemas estão na trama e no andamento do longa. Mesmo não tendo nenhum pé na realidade, algumas situações incomodam bastante. Como tecnologias alienígenas facilmente manipuladas por cientistas humanos , além de diálogos e cenas que poderiam facilmente ficar de fora do corte final. Também existe a sensação de que o filme é mais longo do que o necessário, com várias sub-tramas preenchendo espaço.É aí que entra a mão pesada do produtor Michael Bay, famoso por seus filmes grandiosos visualmente e fracos em história.
Mas é necessário comentar o peso da nostalgia que Tartarugas Ninja: Fora das Sombras carrega. Bebop (Gary Anthony Williams) e Rocksteady (a estrela do WWE Stephen “Sheamus” Farrelly) são ótimas adições, sendo responsáveis por boa parte das cenas de humor. Mas é quando Krang (dublado por Brad Garrett) entra em cena que a mente dos mais velhos viaja no tempo até o final dos anos 80, quando a clássica série animada das Tartarugas Ninja foi exibida. Além do clássico jogo para Super Nintendo.
Vivemos na era das continuações, onde cada vez mais elas habitam as salas de cinema. Tartarugas Ninja: Fora das Sombras consegue cumprir seu papel, apesar dos vários problemas. Mas se a ideia é se destacar no meio de inúmeros blockbusters e franquias, ainda existe um longo caminho a ser percorrido. Que pelo menos nunca falte pizza nessa jornada.
Obs: o 3D não incomoda, então vale o investimento mais caro 😉