Animais Fantásticos e a imensidão da criação de JK Rowling

Pronto! O tal dia chegou e eu não sei até agora qual o caminhão que me atingiu. Não, vamos aqui fugir do óbvio porque todo mundo agora é adulto e vive cansado, mas acho que não há cansaço o bastante que impossibilite uma verdadeira “ruma” de fãs de Harry Potter a reviver a experiência de vivenciar o universo de JK Rowling no cinema. Se você acha que este post é uma resenha, desculpa, sou apenas uma humilde espectadora desse circo que se chama entretenimento e não acho que tenha condição de resenhar algo da forma como alguns grandes colegas conseguem fazê-lo tão bem. Ao invés disso, ofereço uma experiência real e sentimental sobre uma pessoa leiga até certo ponto, a famosa trouxa (não o trouxa normal da vida, mas o não bruxo mesmo RS). Sei que chegamos, meus amigos e eu, ao bom e velho UCI do Shopping Iguatemi como fazíamos anualmente há um tempo quando queríamos participar da chafurdaria que era uma pré-estréia cheia de fãs azilados e sedentos por uma continuação de saga.

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Agora, todo mundo um pouco mais velho. Alguns de nós com filhos ou sobrinhos devidamente “letrados” e caracterizados, fosse com um cosplay bem elaborado, ou com uma camiseta simples representando a qual casa você pertence naquele universo imenso. Perdida em um infinito de Sonserinos, estava lá eu com blusão de David Bowie e brincos de unicórnio tentando não parecer tão deslocada. Comum. Costumava fazer isso há tanto tempo que nem foi tão estranho acontecer novamente. A diferença agora é que, mais amadurecida, elaborei bem mais profundamente a minha “tese” de que livros de fantasia podem sim se tornar uma ferramenta importante para quem deseja descobrir a qual pedacinho do mundo literário você pertence. Definitivamente não sei o que nunca me levou a ler os livros, mas sei que meus alunos sempre foram uma motivação boa e grande o suficiente para que eu tentasse entender. Isso, claro, aliado ao fato que vários amigos meus, e minha própria irmã, serem fãs da série e ter acompanhado tudo junto com eles, à medida do possível.

Não minto, minha principal razão para ansiar pela estréia de Animais Fantásticos e Onde Eles Habitam foi ver que, além de ser a história de um Lufano, meu amado Eddie Redmayne seria o protagonista do filme. Gente, eu amo esse homem! Não sei explicar o que acontece, mas eu já me peguei acompanhando tanta coisa dele que talvez isso possa ser chamado de “ser fã”. Será? Depois disseram que teria o Ezra Miller, então, MEU AMIGO, eu pirei. Minha amiga comprou os ingressos e eu vi que eram pra sessão 3D. Mano, eu odeio filmes 3D. Tipo, eu uso óculos e não é nada confortável ficar com aqueles óculos 3D por cima dos meus que me fazem “apenas enxergar”, ainda mais porque dificilmente eles vêm higienizados como deveriam (UCI, se liga na crítica construtiva), mas né, não tinha jeito. Era com tu mesmo que eu ia ter que me virar.

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O filme começa, tão lindo, mas tão supreendentemente diferente do que eu tinha imaginado, intenso. Logo descubro porque a sensação de ver esse filme pelo menos UMA VEZ em 3D ou no IMAX é porque tudo fica realmente emocionante como cada um dos animais mostrados tinham seu momento de brilhar em algum ponto da narrativa. E gente, são tantas criaturas maravilhosas e a forma como Newt trata cada um desses bichos, com amor, respeito, compaixão, é contagiante. Entendi porque eu sempre caio na boa e velha Lufa-Lufa. Sempre riram que era a casa dos hippies, inclusive. Mas né, eu lá, sem ter lido o livro (vou corrigir isso, me cobrem!), sem entender algumas coisas que talvez fossem até cruciais para que eu compreendesse alguns pontos da história, apenas deixava passar. Era zuera de amigo, afinal. Mas não, eu me vi no Newt, eu me vi na forma como ele vê o mundo e como ele faz o que ama, e porque ele defende aquilo que faz. De fato, o Animais Fantásticos é mais um acerto de JK Rowling, mais uma chance que ela dá a seus velhos e novos fãs de sonhar com magia, e por magia eu não falo de paganismo, coisa de Satanás, ou como você quiser chamar. Não tem nada de Diabo em crer que magia existe. Newt mostra aquilo que Harry Potter apresentou à muitas cabecinhas em formação lá em 2001 que amizade, companheirismo, crença em si e nos seus ideais são a mais forte forma de magia que existe e não há quem tire isso de você. A única pessoa que pode tirar isso de você é você mesmo, e fiquei muito agradecida que com o passar dos anos, a maioria escolheu espalhar esse tipo de pensamento para os demais.

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Sim, amigos, somos carentes de modelos. Somos carentes de pessoas nas quais podemos acreditar porque temos a mania de projetar em pessoas aquilo que julgamos ser o correto, o perfeito, e esquecemos que nós humanos falhamos. Porém, a beleza da vida é podermos escolher qual caminho seguimos e por isso, senhora Rowling, eu te agradeço. Agradeço principalmente por mostrar que mesmo na realidade mais escura, vai existir uma pontinha de luz e esperança. Por mostrar que até o ser mais apodrecido merece buscar redenção. Digo logo, assistam. E por favor, assistam com coração aberto para enxergar nas entrelinhas. Eu quero e convido cada um de vocês, principalmente aqueles que acompanham o universo Potter da mesma forma “trouxa” que eu, a entender a valiosa mensagem que esse universo carrega. Saiam do óbvio. Esqueçam qualquer confirmação de abusador de mulheres no elenco, isso não é o foco. Foquem no amor, na mensagem de redenção e procurem ver no Newt o tipo de delicadeza, sutileza e cuidado que precisamos plantar no mundo.

Seguindo estes meus passos simples e desajeitados, espero que vocês possam ter a mesma experiência grandiosa e terna que tive. E eu sei, que isso ninguém mais vai conseguir tirar. Se permitam ter esperança e crer que aquele personagem pode e deve ser um modelo por toda a sua bondade e candura. Nunca deixem a magia morrer. Ela sempre retorna, e graças a uma força maior nesse universo, a Magia retornou.