Fernanda Torres em cena de Ainda Estou Aqui, filme de Walter Salles que adapta obra de Marcelo Rubens Paiva Fernanda Torres em cena de Ainda Estou Aqui, filme de Walter Salles que adapta obra de Marcelo Rubens Paiva

Ainda Estou Aqui de Walter Salles faz estreia mundial em Veneza

Ainda estou aqui, dirigido por Walter Salles, foi selecionado para a competição oficial do 81º Festival de Cinema de Veneza. É a terceira vez que o cineasta participa do Festival, onde esteve em 2001 acompanhando a estreia de “Abril Despedaçado” e em 2009 recebeu o prêmio Robert Bresson, pelo conjunto da sua obra.

Protagonizado por Fernanda Torres e Selton Mello e com participação especial de Fernanda Montenegro e grande elenco, “Ainda Estou Aqui” é, como “Central do Brasil”, uma coprodução entre Brasil e França. O filme é o primeiro filme Original Globoplay, produzido por VideoFilmes, RT Features e Mact Productions, em coprodução com ARTE France e Conspiração. O roteiro é assinado por Murilo Hauser e Heitor Lorega.

Ainda Estou Aqui é inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, sobre a história de sua família. O relato começa no início dos anos 70, quando um ato de violência muda a história da família Paiva para sempre. O livro e o filme abraçam o ponto de vista daqueles que sofrem uma perda em um regime de exceção, mas não se dobram.

“Estamos felizes de ir a Veneza com um filme tão pessoal. O livro de Marcelo me marcou profundamente, e nos convida a olhar essa história do ponto de vista de sua mãe, Eunice. No centro desse relato há uma mulher que teve que se reinventar e romper com os laços patriarcais das famílias brasileiras. Eunice, em sua contenção, traça uma forma de resistência incomum. O livro e o filme podem ser vistos como um relato sobre a reconstrução de uma memória individual conduzida por essa mulher, que se sobrepõe à busca pela reconstrução da memória de um país, o Brasil. Essa sobreposição entre o pessoal e o coletivo é uma das razões pelas quais quis fazer este filme. A busca da família Paiva se confunde com a luta pela redemocratização do Brasil”, explica o diretor Walter Salles.

Autor da obra original, Marcelo Rubens Paiva fala sobre adaptação

Para Marcelo Rubens Paiva, a participação de Ainda Estou Aqui no Festival de Veneza é um presente à sua família, descendente de italianos. “Ter um livro adaptado por Walter Salles, que conheceu minha família e viveu aquele período como testemunha, honra a nossa família”, comenta o escritor.

“Agradeço imensamente ao Marcelo por ter me dado a oportunidade de contar uma história tão pessoal, e às suas irmãs Vera, Eliana, Nalu e Babiu, por terem confiado na família que realizou o filme. Sem a generosidade, o apoio e as informações constantes que recebemos, essa jornada não teria sido possível. O fato de ter tido o presente de conviver com Nalu, Marcelo e a família Paiva na casa no centro da história torna esse filme muito especial para mim”, completa Salles.

Ainda Estou Aqui promove o reencontro entre Fernanda Torres e Walter Salles depois de “Terra Estrangeira” e “O Primeiro Dia”. Na última parte do filme, Eunice é interpretada por Fernanda Montenegro, que volta a trabalhar com Walter Salles 26 anos depois de seu trabalho em “Central do Brasil” – filme que ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim, o Globo de Ouro de melhor longa estrangeiro e o Bafta de melhor filme em língua não inglesa –, e deu a ela o Urso de Prata de melhor atriz.

“Que honra poder colaborar com Fernanda Torres e Fernanda Montenegro novamente, no mesmo filme. Elas o imantaram. ‘Ainda Estou Aqui’ é um filme sobre uma família feito por uma família de cinema: Fernanda Torres, Fernanda Montenegro, nossa produtora associada Daniela Thomas, o diretor de arte Carlos Conti, de ‘Diários de Motocicleta’, os mestres Ulisses Malta e Cesinha. E agora estamos expandindo nosso círculo com novos colaboradores incríveis, que foram companheiros de viagem apaixonantes”, afirma Salles.

O elenco de Ainda Estou aqui

O elenco principal de Ainda Estou aqui reúne nomes como Valentina Herszage, Luiza Kosovski, Bárbara Luz, Guilherme Silveira e Cora Ramalho, como os filhos na primeira fase do filme, e Olivia Torres, Antonio Saboia, Marjorie Estiano, Maria Manoella e Gabriela Carneiro da Cunha integram a família no segundo momento.

Walter Salles também comenta a repercussão do Cinema Brasileiro pelo mundo, “Não estamos sós. Só neste ano, tivemos longas e curta-metragens selecionados nos principais festivais internacionais, como Sundance, Berlim, Cannes, Rotterdam, Locarno e SXSW. São esses filmes realizados por grandes cineastas ou jovens realizando seus primeiros trabalhos que tem fortalecido a cinematografia brasileira pelo mundo, semeando a possibilidade de filmes como o nosso e o primeiro longa de ficção de Marianna Brennand estarem representando o Brasil em Veneza”.