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Demolidor – 1ª Temporada | REVIEW – CosmoNerd

O texto a seguir contém SPOILERS da primeira temporada de Demolidor. Se você ainda não viu, aproveite que não é o Matt Murdock e corra para assistir…

Quando a Marvel anunciou sua parceria com a Netflix muitas dúvidas foram levantadas. Mas quando o último episódio de Demolidor chega ao fim, fica claro que o céu é o limite para as duas empresas; mesmo que o personagem principal seja mais pé no chão.

A série é algo como o Ano Um de Matt/Demolidor. As primeiras patrulhas, o primeiro caso como advogado, os primeiros erros e claro, os primeiros acertos. Se você não conhece nada do personagem vai poder se encantar com tudo que é mostrado. Mas se você já conhece até demais, aí meu chapa os 13 episódios serão um incrível parque de diversões e easter-eggs. Não se engane, Demolidor está sim ligado aos filmes da Marvel. Se Tony Stark e sua turma salvaram Nova York no primeiro Vingadores, ficou nas hábeis mãos do Homem Sem Medo o dever de limpar toda a sujeira deixada pra trás. Esqueça o glamour de armaduras reluzentes e martelos mágicos, aqui o buraco é mais profundo, onde é melhor abandonar o tapa olho e manter os dois olhos bem abertos.

Hell’s Kitchen foi engolida pelos acontecimentos da batalha contra os Chitauris. E os mafiosos da cidade logo enxergaram possibilidades em meio ao caos. As mais variadas práticas ilícitas tomaram conta de cada rua e avenida e os chefões se uniram para faturar em cima de tudo isso. Os russos, os japoneses, os chineses e um certo Wilson tem espaço para brilhar e mostrar o quanto são terríveis. É para lutar contra tudo isso que Matt e Foggy retornam para sua cidade natal. Com o diploma de advocacia na pasta e uma vontade enorme de fazer o bem, os dois nem imaginam que a justiça precisa se sujar de vez em quando para funcionar. Bem, um deles já possui essa noção…

Matt Murdock cresce junto com sua série. Sim, é uma série sobre Matt, sobre sua vida dupla e sacrifícios. Tudo ainda é muito cru. As lutas, o uniforme e principalmente a noção do que ele está fazendo. Não faltam momentos em que alguém diga que ele não tem noção do que está se metendo. Pra alguém que proclama a cidade pra si, fica feio não saber o que está rolando no próprio quintal. A cidade é suja e seus habitantes são na maioria das vezes ainda mais imundos. Por isso a Netflix foi feliz em usar o +18. As lutas, as mortes e a violência são uma parte da alma da série. É preciso chocar para que a mensagem seja bem assimilada.

Como primeiro caso, os sócios tem que ajudar a bela Karen Page. Acusada de um crime que não cometeu, ela é a primeira ligação com a grande trama da temporada. Karen é personagem essencial nas principais histórias do Demolidor e aqui não é diferente. O trio é o coração da série, tendo seu relacionamento e desavenças muitos bem construídos. Cada um é o centro de gravidade do outro, além de serem para Matt um porto seguro, uma necessidade para que não se perca em sua missão. Do tribunal até as ruas, Charlie Cox mostra seu valor e talento. O ator entrega um personagem atormentado, mas engajado no que acredita ser o certo. As principais nuances do Demolidor são retratadas. Sua religiosidade, seus traumas do passado e o relacionamento com o pai(muito bem construído com a ajuda dos flashbacks), seu treinamento (Stick está presente, trazendo consigo Os Virtuosos), seus relacionamentos desastrosos e sua entrega de corpo e alma para Hell’s Kitchen.

Como o demônio que protege as ruas, ele só irá parar quando não tiver mais forças para levantar. Tantas lutas deixam feridas profundas e é aí que entra a figura de Claire. Ele cura o corpo ao mesmo tempo que tenta curar a mente de Matt. Mesmo que apareça em poucos episódios, sua presença poderá se estender a séries futuras.

As máfias não são apenas fonte de maldade, são um poço de referências. O Tentáculo, Punho de Ferro e Kun Lun, o Coruja e muito mais. Mesmo numa sociedade entre bandidos, alguém precisa comandar. Um rei tem que nascer entre eles. E assim como a série é a origem do Demolidor, ela também mostra o nascimento de seu nêmesis: Wilson Fisk. Vincent D’Onofrio nos presenteia com um personagem em processo de maturação. Wilson tem trejeitos, ticks e acessos de fúria. Ao mesmo tempo consegue ser sereno e calmo, principalmente ao lado da amada Vanessa. A mulher que é a dona de seu coração e também o pilar de sua futura ruína.

Fisk tem o abalo emocional (ou loucura) da mãe e o descontrole do pai. É uma união perfeita de imperfeições que o tornam instantaneamente admirável. Chega a ser o caso do vilão rivalizar com o mocinho pelo carinho do público. Matt e Fisk se destacam quando estão separados e brilham ainda mais nos poucos momentos em que trocam socos e juras de morte. São os dois lados da moeda que equilibra o jogo. Mais do que herói e vilão, eles são sombras e luz.

A briga nos bastidores fica mais séria e Ben Urich surge como a figura que pode igualar o jogo para os mocinhos. Não importa a mudança étnica do personagem, mas sim o quanto ele agrega a história. É quem transforma o esforço dos advogados em algo concreto. Quando se cerca de pessoas que você gosta, a dor de perder alguém é multiplicada por mil. Matt já havia sentido isso no passado, mas nem seu lado mais católico consegue conviver bem com tantas perdas. E quando sai em patrulha é o momento de colocar a fera pra fora. É o momento em que os fãs vão ao delírio.

A abertura da série é genial. Se você ainda não viu, imagine como se tudo que você mais gosta, aquilo que te define, fosse coberto de sangue. A trilha sonora é um show a parte. E mesmo que a série pareça arrastada em determinados momentos, tenham em mente que tudo acontece por um motivo. Nada ali é jogado por acaso. Lembra que eu disse para manter os olhos bem abertos? Pois em Demolidor até “simples” ternos podem dar origem a um uniforme F@#*.

Não existe um fim definitivo no último episódio, nada realmente fechado. Matt Murdock se torna o Demolidor de fato, provando que é o samaritano da história, que ninguém acreditava mas que é capaz dos feitos mais surpreendentes em nome da fé que o impulsiona. Já Fisk percebe que o papel de sua vida é do assaltante que maltrata sem piedade o pobre viajante que cruzou seu caminho. O Rei do Crime está nesse momento meditando diante de uma parede branca, pensando que tipo de homem ele quer ser no futuro. E bem, todos nós já sabemos a escolha que ele fez

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