Dunkirk | Crítica

Christopher Nolan usa sua fórmula para tornar Dunkirk um filme de guerra que você precisa assistir

Em meio a filmes de heróis, personagens principais morrendo para não tornar a história tão óbvia e uma corrida desenfreada para ver quem inova mais, Christopher Nolan volta com uma aposta totalmente simples: produzir um filme de guerra. O tema que já possui vários clássicos no cinema parecia não ter mais nada de novo a oferecer, mas Nolan provou que sua visão sobre a guerra era tudo o que o mundo cinematográfico precisava conferir.

Dunkirk é baseado em um livro que leva o mesmo nome e pretende contar a história de um episódio da segunda guerra geralmente lembrado apenas por historiadores especializados: a evacuação da cidade de Dunquerque. Nela, 300 mil soldados estão encurralados pelo exército alemão e fazem de tudo para sobreviver e voltar para casa.

No filme, Nolan usa uma técnica muito conhecida por seus fãs ─ já que está muito presente em outras grandes obras como A Origem ─ e mostra a história a partir de três principais núcleos: os soldados que estão na praia esperando para serem resgatados, três soldados da Força Aérea Britânica que tentam evitar mais ataques a Dunkirk e um senhor civil, que junto com seu filho sai em um barco de passeio para ajudar no resgate. Cada um dos núcleos possui um tempo diferente ─ indo de uma semana a apenas 1 hora, e no final, todos se entrelaçam perfeitamente.

A obra foi gravada em sua maioria no formato Imax 70mm, o que torna essa experiência bem necessária para quem for aos cinemas. Os ângulos das câmeras unidos a como sempre incrível trilha sonora de Hans Zimmer, proporcionam 106 minutos de tensão e imersão total na realidade da Guerra. Esqueça Hittler e outros nomes conhecidos, em Dunkirk somos levados para perto dos homens comuns, os jovens que eram tirados de suas casas para defender seu país e viver dias de pesadelo.

Apesar da ótima representação, Dunkirk não foca em uma ação sanguinária ou apelativa. O foco, segundo o próprio Nolan disse em entrevista ao IndieWire, era fazer com que os espectadores sentissem o mesmo que os personagens. E obviamente, é importante que os atores sejam bons no que fazem para transmitir esse sentimento além da tela, deixo meus parabéns para Harry Styles, o cantor que impressionou pela bela interpretação e Tom Hardy, o silencioso ─ porém incrível ─ soldado da Força Aérea.

Na cabine de imprensa onde estive presente, a ideia de Nolan pareceu funcionar muito bem, já que muitos críticos começaram a literalmente torcer para que os soldados da Força Aérea Britânica acertassem o inimigo. Também foi impossível não se angustiar com os barcos sendo abatidos logo depois que os soldados relaxavam achando que finalmente iriam para casa. Assim como eles, os espectadores têm pouquíssimo tempo para respirar.

Outro aspecto bem pontuado por Vi Marchetti, nossa colaboradora que também esteve presente na cabine, é o fato de não vermos o inimigo. Assim como os personagens, o espectador também se esconde dessas figuras, trazendo a sensação de estar presente na cena e não simplesmente vendo tudo isso de cima.

Dunkirk chega aos cinemas no dia 27 e garanto que vale a pena pagar por uma experiência IMAX para ver essa que já está sendo considerada a obra prima da carreira de Christopher Nolan.