Mulher-Maravilha e o boicote Libanês

Mulher-Maravilha já está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil e também em todo o mundo. Bom, será? A repercussão do longa já está sendo deveras positivas, desde a opinião popular, do fandom e da crítica especializada, de blogs, sites de cultura pop e de crítica cinematográfica. Filme que é protagonizado por Gal Gadot e dirigido por Patty Jenkins. Pois bem, a questão aqui não é a obra em si.

Creio que nesta altura do campeonato, a maioria das pessoas que acompanham as notícias sobre o mundo que rodeia o cinema de heróis, saiba que a atriz Gal Gadot é israelense e que já serviu no exército do seu país de origem, após terminar os anos escolares, ela serviu por dois anos, o que é obrigatório, tanto para homens como para as mulheres.

Os conflitos no Oriente Médio não são novidade para ninguém no mundo. Um grande conflito histórico que perdura e que afasta cada vez mais uma possível vindoura paz.

Mas o que isso tem haver com Mulher-Maravilha?

Bom, após sofrer um boicote pelo governo Libanês, decisão tomada junto ao Ministério da economia, o longa Mulher-Maravilha foi banido horas antes de sua estréia no país com a justificativa de que Gadot foi ex membro das forças armadas israelenses e que usou seus conhecimentos aprendidos para algumas tomadas do filme.

De acordo com o The Guardian os procedimentos para que a obra fosse exibida no país foram dentro dos trâmites, mas após uma campanha de pressão ao governo, as coisas saíram dos eixos. “filme de soldado israelense“.

Seriam apenas 15 salas que iriam exibir o filme, isso para a WB não é problema algum se tratando de arrecadação de bilheteria, mas artisticamente falando, isso é certo?

Arte é a atividade humana ligada a manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir de percepção, emoções e ideias, com o objetivo de estimular esse interesse de consciência em um ou mais espectadores, e cada obra de arte possui um significado único e diferente.” – Fonte: significados.com.br

Cinema, a sétima ARTE é também, como todas as outras, uma liberdade de expressão. Uma forma de cultura que é consumida em todos os lugares do globo e também executada por todos nós. Seja falando sobre, ou exercendo, criando etc. Enquanto obra, é para ser apreciada, discutida, causa catarse, trazendo assim a diversão e impacto em todos os sentidos, pequenos ou grandes. Acima de tudo uma forma de união.

O filme Mulher-Maravilha, e a própria personagem e o conceito das amazonas, tratam de ideias de paz, de não a guerra, de salvar o mundo dos conflitos, de libertar o “homem” enquanto humanidade, de seus conflitos, tendo a película em si, sendo baseada e ambientada na primeira guerra mundial sendo este, o principal motivador da protagonista a tomar uma atitude. Enquanto obra de ARTE, e por toda a simbologia e representatividade que ela carrega, e não só por isso, CULTURA deveria transcender todos os aspectos que destroem o seu conceito de união.

Mulher-Maravilha. (Por: Alex Ross)

Exemplo: A copa do mundo. Países unidos em uma competição. Pessoas de todos os lugares se reúnem para assistir algo.

O argumento de “filme de soldado israelense” se invalida, não vemos Gal Gadot em tela, vemos Diana Prince! E isto levanta mais questões, como por exemplo: E se Gadot não fosse a protagonista? será que teríamos todo esta novela acontecendo? E se ela fosse homem?

A ignorância e o preconceito prevalece ante ao conhecer e descobrir. Não há nenhum tipo de citação aos conflitos existentes entre os povos. Parece algo pequeno, mas daí, podemos levantar diversas reflexões.

Mas em meio a tudo isto, pode se ter esperança de dias melhores, relembro aqui o episódio “Trégua de Natal“, foi um momento, durante a primeira guerra, que um grupo de soldados alemães e britânicos passaram uma semana, antes do Natal, evitando se atacarem e trocando mensagens de Natal e até presentes eles se mantiveram em suas trincheiras, sem obedecer as ordens de atacar o inimigo.

Como o amor e paz, transcenderam em momentos de grande destruição, que a mensagem forte de Diana possa transcender conflitos políticos e de gênero, e que ela possa ser um instrumento de boas novas, para um mundo tão caótico e necessitado de esperança. – Rildon Oliver.

Mulher-Maravilha. (Divulgação: Warner)

Arte é transcendente