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RBG | Crítica

Documentário RBG fala sobre juíza americana que virou celebridade.

Essa época de Oscar é sempre boa para descobrir filmes que geralmente passam desapercebidos do grande público, e essa regra se aplica principalmente a documentários. São histórias que podem já ser famosas em algumas partes do mundo, mas que não chegam aqui no Brasil. É o caso de RBG.

RBG não é nada sobre as três cores que compõem as telas digitais. É uma sigla que se refere a Ruth Bader Ginsburg, uma Associada da Suprema Corte dos Estados Unidos que virou heroína e celebridade por possuir uma carreira defendendo os direitos das mulheres e igualdade entre os sexos.

Fui assistir o filme somente sabendo que era sobre uma juíza badass  que ficou famosa, e dessa forma foi gostoso ir assistindo ao longa e descobrindo o porquê dessa fama. Quanto mais o filme avança, mais temos motivos para amar a adorável e guerreira senhorinha de 85 anos.

O longa possui uma narrativa linear que conta a vida da personagem em ordem cronológica enquanto vai adicionando comentários de colegas de trabalho, amigos e da própria juíza. Desde o começo vemos como foi difícil para ela se formar numa universidade de direito enquanto todos se perguntavam o que as mulheres estavam fazendo ali. Após sair da universidade ela continua sofrendo discriminação com dificuldades para encontrar emprego em uma área que só queria empregar homens.

Essa parte inicial é um pouco lenta demais, mas o filme ganha ritmo quando começa a mostrar os primeiros casos da juíza lutando contra injustiças de gênero já nos anos 60. O filme usa uma narrativa de mostrar caso por caso, cronologicamente e explicar quais as estratégias dela como advogada na época trazendo gravações reais das audições. Gostei da decisão de resumir os casos, tentando explicar bem, em vez de detalhar demais. Dessa forma podemos entender sobre o que era cada e ver mais exemplos.

Depois vemos como ela conseguiu entrar na Suprema Corte dos Estados Unidos no governo do presidente Bill Clinton, permanecendo até hoje. É nesse cargo que ela acaba ganhando notoriedade (ganhando até o apelido de Notorious RBG, inspirado no famoso rapper) ao discordar com seus colegas várias vezes em questões envolvendo diferenças entre sexos. Não quero dar spoiler das suas conquistas mas o que ela fazia era mostrar como ainda existe desigualdade entre sexos com exemplos reais hoje em dia. Em uma Hollywood onde a conversa sobre mulheres ganhando menos que os homens está em evidência, é bem comum que esse filme faça sucesso entre os votantes do Oscar.

O filme também passa um bom tempo para desenvolver a relação dela com o marido e também da sua vida pessoal. Bem como mostrar as diversas palestras e entrevistas que a juíza deu depois de virar celebridade. É curioso ver diversos jovens compartilhando memes, comprando produtos e fazendo até tatuagens com a juíza de 85 anos. A explicação de como ela “viralizou” também é explicada e é aquele tipo de coisa comum da internet, não existiu um motivo específico, foi só algo que aconteceu naturalmente.

RBG é um documentário curioso sobre uma pessoa impressionante que ainda está entre nós e ainda trabalhando. Uma mulher que lutou pelos direitos das mulheres desde os anos 60 e continua lutando. Suas vitórias na corte foram essenciais para a vida das mulheres nos Estados Unidos e agora, com essa onda conservadora tomando o mundo, parece que, mais do que nunca, precisamos da Notorious RBG.